Fundada em 2018, a Solfácil nasceu como uma fintech de crédito para quem deseja instalar sistema de energia solar em sua casa ou empresa. Porém, no último ano vem ampliando sua atuação com o intuito de se tornar o maior ecossistema de energia solar da América Latina. Recentemente, a companhia reposicionou o modelo de negócio para que, além dos financiamentos, passasse a oferecer também serviços de distribuição de equipamentos fotovoltaicos, monitoramento de projetos de energia solar, seguros e um programa de benefícios para os parceiros integradores.
Segundo Fabio Carrara, fundador e CEO da Solfácil, a expansão tem o objetivo de resolver as dores do setor de forma mais completa. “Nossos parceiros precisavam de mais soluções para operar seus negócios e atender melhor os clientes. No entanto, essa mudança também foi pensada como estratégia de diferenciação no mercado, oferecendo várias soluções em uma mesma plataforma”, afirma, em conversa exclusiva com o Startups.
O objetivo da operação continua o mesmo: aumentar o acesso à energia solar para pequenos, médios e grandes projetos de energia e contribuir para a liberdade energética. Desde a sua fundação, a companhia já gerou R$ 2,7 bilhões em financiamentos e, com o novo posicionamento, atingiu o marco de mais de R$ 1 bilhão em vendas de equipamentos fotovoltaicos. Há cerca de um ano, a Solfácil adquiriu a distribuidora de equipamentos solares Solar Inove, e passou a controlar um centro de distribuição em Itajaí (SC) com 6.900 m². A empresa também investiu R$ 100 milhões na inauguração de um novo centro de distribuição em Jaboatão dos Guararapes (PE), com um espaço de mais de 6.112 m².
Operação rentável
Maio de 2022 foi o mês em que a companhia anunciou a captação de US$ 100 milhões em sua rodada série C, liderada pela QED e com a participação do SoftBank, VEF e Valor Capital. Apenas quatro meses depois, mais US$ 30 milhões na extensão da rodada, com o aporte da Fifth Wall. O reforço de caixa permitiu que a companhia não apenas consolidasse a estratégia de diversificação da atuação, mas também estendesse o runway para navegar com mais tranquilidade pelo momento turbulento do venture capital no mundo.
Ainda assim, a empresa não passou imune à onda das demissões em massa que impactaram o mercado nos últimos anos. Pouco mais de quatro meses depois da rodada, a startup desligou cerca de 11% do seu quadro de funcionários – aproximadamente 60 pessoas – em um movimento de revisão da organização para “melhor atender as estratégias e os objetivos”, com maior foco para eficiência operacional e investimento em áreas estratégicas.
Segundo o CEO da Solfácil, a ampliação do modelo de negócio e criação de novas fontes de receita não foram resultado do cenário macroeconômico adverso. “A motivação principal foi realmente resolver as dores dos clientes e criar uma maior diferenciação para a Solfácil no mercado”, reforça Fabio.
“As captações nos deram solidez para lidar com os efeitos macroeconômicos desafiadores dos últimos anos e permitiu que a gente chegasse onde estamos hoje: uma empresa rentável, que fica menos dependente de novas rodadas de investimento para continuar operando”, acrescenta o executivo.
Em outras palavras, a Solfácil já opera no azul e gera lucro. “Estamos muito contentes com o crescimento, pois conseguimos algo que é bastante difícil, principalmente em empresas de tecnologia: crescer rapidamente e, agora, com rentabilidade”, diz o CEO. Sem abrir números específicos, Fabio revela que a receita da companhia dobrou de 2022 para 2023, e que a projeção é dobrar novamente em 2024.
Questionado sobre novas rodadas, o empreendedor não descarta, mas também não confirma. “As últimas captações nos permitiram atingir rentabilidade e ter independência de novas rodadas, com a oportunidade de ter calma para pensar o negócio ao longo prazo e construir novos caminhos. Isso não significa que nunca faremos outras rodadas. Pode acontecer, pois pode fazer sentido levantar um capital adicional para acelerar ainda mais novos projetos ou outros caminhos”, avalia.
Visão otimista
A Solfácil conta com mais de 20 mil integradores parceiros conectados à sua plataforma em todos os 27 Estados do Brasil. Desde a sua fundação, a startup já possibilitou a instalação de mais de 100 mil projetos e evitou a emissão de mais de 88,6 mil toneladas de CO2 na atmosfera, o que equivale ao que mais de 354 mil árvores fariam em 20 anos.
“A mensagem que fica é de otimismo. O ano de 2023 começou com preocupação, por conta de mudanças na legislação e insegurança no setor de energia. Mas o sistema de energia solar nunca foi tão viável e barato quanto hoje, e o retorno sobre o capital investido nunca foi tão bom quanto atualmente. Então, 2024 deve ser um ano muito forte para o mercado”, analisa Fabio.
O plano do executivo é seguir operando a empresa consistentemente no azul, sem abrir mão do crescimento. “Vamos dar continuidade ao que está sendo bem feito, crescendo com rentabilidade para ao longo de 2024 pensar em novas frentes disruptivas de negócio”, finaliza.