A união entre marketing e tecnologia ajuda a digitalizar a comunicação das empresas e, de quebra, melhorar a experiência do cliente. Como resultado, a área de marketing tem se tornado cada vez mais estratégica nas empresas. No entanto, com a evolução da tecnologia e a crescente demanda do consumidor por experiências personalizadas, o marketing digital está mais desafiador do que nunca.
É o que três mulheres referência no marketing debateram em painel nesta quarta (23), durante o Digitalks 2023, evento de negócios no universo digital que promete reunir 10 mil pessoas até amanhã, em São Paulo.
Para Gabriela Zaninetti, VP de marketing e comunicações da OLX Brasil, o maior desafio está em equilibrar a equação: engajar os usuários ao mesmo tempo que se cria estratégias para inovar, mudar e crescer o negócio no ritmo em que a tecnologia evolui.
Neste sentido, o trabalho interdisciplinar é essencial. “Não existe brilhantismo individual que supere a potência coletiva. Marketing é um organismo transversal para a empresa, é preciso entender o consumidor pela análise de dados e transformar o aprendizado em uma tomada de decisão estratégica”, afirmou.
Gerir pessoas e mostrar o valor do marketing para a empresa como um todo são as maiores adversidades para Amira Ayoub, head de marketing da Latam Brasil. Segundo ela, muitas vezes a área de marketing é vista como custo para a companhia aérea. “É preciso lembrar que o marketing acompanha a saúde do negócio. Não é porque o negócio está financeiramente saudável que não precisa mais investir em marketing”, provocou.
Marketing e IA: relação de sucesso?
Assim como em outros nichos do mercado, a inteligência artificial está influenciando novos direcionamentos do marketing digital na melhoria de estratégias, da experiência do cliente, dentre outras etapas importantes para o sucesso de um planejamento de marca.
Na opinião das executivas que participaram do painel, embora a IA esteja revolucionando e facilitando a criação das campanhas de marketing, as pessoas ainda têm papel fundamental no desenvolvimento dos projetos. “Acredito que a IA vai continuar sendo o meio, uma facilitadora, mas no fim das contas são as pessoas que dão o toque final para que tudo faça sentido”, opinou Gabriela, da OLX.
Flávia, que comanda o marketing na Pague Menos e Extrafarma, concorda que o olhar humano é fundamental para analisar o que a IA fornece e, a partir disso, colocar de fato a mão na massa. Ao citar um exemplo de campanha da rede de farmácias que incorporou a IA, Flávia ilustrou como a tecnologia ainda comete deslizes.
Patrocinadora oficial da Seleção Brasileira de Futebol, a Pague Menos lançou um filme que destaca a conversa entre três dos chatbots de inteligência artificial mais conhecidos no Brasil. O objetivo foi questionar os programas e descobrir quem fez mais gols pela Seleção, em uma tentativa de entender se essas tecnologias modernas são inclusivas quanto ao reconhecimento das conquistas das mulheres no esporte.
Surpreendentemente, os três chatbots deram a mesma e equivocada resposta: que o maior artilheiro da Seleção Brasileira era Pelé com 95 gols, quando, na realidade, a resposta correta seria Marta, com 119 gols. “Tal equívoco gerou uma reflexão importante sobre a ausência das mulheres na narrativa histórica do futebol, evidenciando que perpetuar os preconceitos do passado não permite construir um futuro justo e igualitário”, concluiu.