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2023 foi um ano de viradas para o Rappi. Lembrando aqui de forma rápida, foram pelo menos umas três. A primeira aconteceu logo no começo do ano, quando o Cade decidiu impôr restrições aos contratos de exclusividade em apps de food delivery, o que impactou diretamente o maior líder do segmento, o iFood. Para o Rappi, isso significaria uma virada em termos de competitividade para o setor. Já a segunda virada aconteceu da porta pra dentro: a CEO do unicórnio colombiano no Brasil, Tijana Jankovic, deixou o cargo para assumir o posto de VP Global, e quem assumiu a cadeira foi Felipe Criniti, fundador e CEO da Box Delivery, logtech comprada pelo Rappi também este ano.

Foi uma introdução longa, mas ela faz parte do contexto para chegarmos à terceira virada comemorada pelo Rappi este ano – e essa está nos números. Em entrevista exclusiva ao Startups, o CEO, Felipe Criniti, apontou que a empresa já opera com seu modelo de entregas rápidas, o Turbo, no azul, e está caminhando para ter uma operação superavitária como um todo em 2024.

“Primeiro trimestre do ano que vem o Brasil será lucrativo para o Rappi. A gente veio para ficar e fazer história”, disparou o CEO.

Segundo o executivo, a previsão ambiciosa está fundamentada nas mudanças que a companhia realizou durante o ano. Parte delas estão ligadas à decisão do Cade, que entrou em vigor definitivamente em setembro. “Das grandes marcas exclusivas que nossa concorrente possuía, sete concentravam uma quantidade significativa de pedidos. Já tivemos a resposta positiva de duas delas para entrar em nossa plataforma, e caminhamos para assinar com as outras”, explica Felipe.

O executivo não abriu os nomes das empresas, em função dos acordos ainda estarem em andamento, mas não é difícil supor que entre estes nomes estejam marcas como McDonald’s, Burger King, KFC e outras que antes tinham acordos com o iFood.

Para Felipe, a chegada destes grandes players, com um número alto de lojas, deverá trazer um influxo inédito para a parte de food delivery. “Nossa expectativa é que essa divisão dobre de tamanho no próximo ano, e a parte de mercado deverá crescer junto com isso”, avalia o CEO, colocando o Rappi como o último grande concorrente do iFood. “Infelizmente, hoje ele é nosso único rival, pois outros maiores saíram antes da decisão do Cade”, completou Felipe, fazendo alusão às saídas do Uber Eats e do 99Food do mercado nacional.

Operando no azul

A Box Delivery foi comprada pelo Rappi em abril. Felipe assumiu o posto de CEO do Rappi em junho, e segundo o executivo, já era algo que tinha sido conversado antes mesmo da fusão. “A tese da empresa foi adaptada para como a Box traria mais eficiência para a operação do Rappi“, pontua.

De acordo com o executivo, não demorou muito tempo para ver os resultados do know-how logístico da Box na ponta dos entregadores. “Toda essa composição de know-how, a gente trouxe pra dentro do Rappi, foi ajustando coisas pequenas e já obteve resultado, incluindo o Turbo”, afirma Felipe.

Felipe Criniti, CEO do Rappi no Brasil
Felipe Criniti, CEO do Rappi no Brasil. (Crédito: Divulgação)

Até então, a operação Turbo do Rappi, em que as entregas são feitas em até 10 minutos, entregava lucro na Colômbia e no México. O Brasil é o país que faltava, e agora com os números no positivo, Felipe já prepara o movimento de expansão deste serviço para outras praças e para a parte de food delivery.

“Na vertical food será algo novo, mas a experiência na vertical mercado já está bem azeitada, o que nos deixa otimistas. Tem pilotos do Turbo acontecendo com algumas marcas, e queremos levar isso para outras cidades. Queremos colocar isso para rodar em dezembro com grandes marcas no Rio e São Paulo, e expandir para outras capitais já no começo de 2024”, destaca o CEO da marca no Brasil.

Prime além do digital

No começo do ano, em entrevista ao Startups, a então CEO Tijana Jankovic destacou como o Rappi Prime, com seu sistema de assinantes e benefícios como frete grátis, é parte central da estratégia da companhia para encantar clientes no Brasil. “O Prime é essencial para fidelizar o consumidor. Ele aumenta em 3,5 vezes a frequencia na plataforma”, aponta Felipe, revelando que uma das metas globais do Rappi é de aumentar agressivamente a receita recorrente com assinantes do Prime.

Para chegar nessa meta, para 2024 a companhia quer dar um passo adiante e entregar vantagens fora do app. No Brasil, a companha já começou a fazer parcerias extra-digitais, entregando vantagens como descontos e até outras ligadas ao estabelecimento físico, como filas preferenciais em caixas para quem é assinante Prime.

“Queremos trazer essas experiências para ir além do frete grátis. Além disso, isso traz benefícios para os estabelecimentos parceiros, que no presencial podem vender com margens maiores”, completa o executivo.

Segundo Felipe, com todos os planos em andamento, o Rappi Brasil está pronto para retomar o crescimento. “Em 2023 não tivemos um crescimento tão substancial, mas melhoramos os números mês a mês, e isso mostra para a matriz e investidores que o Brasil se mexeu para trazer um horizonte bacana, antes tava meio nebuloso. Estamos virando o jogo e para 2024 nossa perspectiva é dobrar no Brasil”, finaliza.

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