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A tecnologia precisa estar a favor da transformação do mundo e da sociedade. A frase é de Raquel Virgínia, fundadora e CEO da startup Nhaí!, durante seu pitch no último dia do Gramado Summit. “Se a startup tem como princípio a tecnologia, precisamos fazer com que o desenvolvimento tecnológico se una ao pensamento do design da inclusão”, disse a executiva.

Segundo Raquel, o mundo está passando por uma enorme revolução do comportamento das pessoas e da sociedade – uma transformação que depende do ecossistema entre os grandes players e os olhares multidisciplinares. “É essencial pensar tecnologias a favor da nova dinâmica do século 21, com novas identidades e a construção de gêneros e sexualidades. O design da inclusão precisa ter um olhar multifacetado e multi prismático”, explica.

Raquel fundou a Nhaí em 2021, como uma startup que cria projetos de consultoria, curadoria e comunicação com foco em diversidade para empresas de diversos setores. A startup já trabalhou com grandes marcas como Pepsico, Doritos, Grupo Heineken, Ambev, Avon e Amazon Prime Video. Em parceria com a femtech Iara Land, a Nhaí lançou o Marsha Shopping, um shopping no metaverso onde marcas e pessoas LGBTQIAP+ que não encontram espaço no varejo físico podem criar lojas e vender seus produtos sem a necessidade de se relacionar diretamente com clientes ou fornecedores.

Além de Raquel, o painel do Gramado Summit contou com a presença de Karine Oliveira (Wakanda Educação), Hóttmar Loch (Nohs Somos) e Givanildo Pereira (Favela Brasil Xpress). Eles apresentaram seus negócios e diferenciais durante o Startup Pitch, destacando o impacto gerado pelas companhias e destacando o potencial de usar a tecnologia para criar projetos e iniciativas mais diversas e inclusivas na sociedade.

Tecnologia para transformar

Fundada em 2018, a Wakanda Educação Empreendedora traduz conteúdos técnicos do mundo dos negócios para uma linguagem informal, regional e acessível, a fim de incluir a população periférica e empreendedores por necessidade no ecossistema. “Quando começamos, o negócio não era visto com bons olhos. Os primeiros 3 anos da startup foram de muita porrada. Aos poucos, conseguimos nos aproximar de empresas que estavam com problemas de crise de imagem e precisavam se conectar com negócios e empreendedores diversos”, conta Karine Oliveira, fundadora da edtech.

Karine Oliveira, CEO da Wakanda Educação Empreendedora
Karine Oliveira, CEO da Wakanda Educação Empreendedora (Crédito: Lucas Strey)

O ponto de virada da Wakanda foi o Shark Tank Brasil, quando Karine conquistou Camila Farani e levantou um cheque de R$ 200 mil por 15% da empresa. “As companhias querem exponencializar o que fazem. Para isso, precisam democratizar o acesso, o que só é possível se mudarem a linguagem – e é aí que entramos. Apesar dos avanços, hoje ainda enfrentamos o desafio da questão geográfica, com empresas querendo pagar menos pelos serviços porque estamos no Nordeste”, conta Karine, que fundou a empresa em Salvador.

Givanildo Pereira também relata ter sofrido resistência do mercado quando criou o seu negócio. A Favela Brasil Xpress faz a operação logística para entregar as encomendas do e-commerce aos moradores das periferias. Em 1 ano de operação, a startup movimentou 700 mil pacotes, que representam cerca de R$ 400 milhões em produtos, e faturou em torno de R$ 6 milhões.

“Houve muita resistência das empresas parceiras no início. Muitas companhias só começaram a enxergar o potencial desse mercado agora”, conta o empreendedor. Hoje, a Favela Brasil Xpress atende parceiros como a Lojas Americanas, Via Varejo, Riachuelo e Total Express, e atua nas regiões de Paraisópolis, Heliópolis, Cidade Júlia, Diadema e Capão Redondo, em São Paulo, e Vila Cruzeiro e Rocinha, no Rio de Janeiro.

Givanildo Pereira, fundador da Favela Brasil Xpress
Givanildo Pereira, fundador da Favela Brasil Xpress (Crédito: Lucas Strey)

Para Hóttmar Loch, um dos desafios ao fundar a Nohs Somos foi não ter nenhum relacionamento corporativo prévio. A startup foi criada com o objetivo de promover o bem-estar do público LGBTQI+ e auxiliar as empresas na sua gestão inclusiva, aliando o conhecimento em D&I, consultoria, cultura organizacional e design de serviços para desenvolver soluções transformadoras que geram resultados.

“Muitos acham que diversidade e inclusão são uma moda, e confundem moda com tendência. Cada vez mais empresas terão que adotar práticas que promovam D&I porque a sociedade está cobrando, e isso só se intensifica”, afirma. A Nohs Somos conta com mais de 50 mil pessoas usuárias, distribuídas em mais de 600 cidades pelo país, e aumentou o seu faturamento em 7 vezes entre 2021 e 2022, com clientes como Tinder, Ambev e L’Oreal.

Hóttmar Loch, cofundador da Nohs Somos
Hóttmar Loch, cofundador da Nohs Somos (Crédito: Lucas Strey)

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