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Em setembro, a HRtech Se Candidate, Mulher! anunciou a 1º rodada de investimento da sua história, em um movimento estratégico para acelerar seu crescimento. Desde então, a companhia vem direcionando os esforços para se consolidar no B2B, conectando empresas com mulheres profissionais e as apoiando no mercado de trabalho.

Quando fechou a rodada, a startup tinha duas grandes promessas para os meses seguintes. Em 12 meses após a captação, triplicar o faturamento do 1º ano da empresa (R$ 500 mil), chegando a R$ 1,5 milhão. Além disso, a empresa garantiu aos investidores que entregaria um protótipo do produto B2B em 6 meses.

Os resultados, de acordo com a fundadora e CEO, Jhenyffer Coutinho, têm sido bastante positivos. No 1º trimestre, a startup conseguiu dobrar o faturamento total de 2022. No mesmo período, liberou em acessos gratuitos à SCM Academy a mesma quantidade distribuída em todo o ano passado. A plataforma reúne informações sobre mentoria e carreira para que as mulheres tenham acesso a processos seletivos em todo o país, além de conteúdos para o desenvolvimento pessoal e profissional como comunicação, oratória e preparação para entrevistas de emprego.

Apesar das recentes conquistas, a empreendedora admite que o caminho até aqui não foi fácil. “Assim como muitas startups, passamos por apertos e dificuldades frente à conjuntura econômica atual. Erramos muito no fim do ano e tivemos que aprender a lidar com a entrada de dinheiro externo, contratações e demissões”, conta. A princípio, a ideia era que os recursos da rodada durassem 18 meses, mas a companhia começou a traçar estratégias para estender o runway, consciente de que talvez não seja tão fácil captar novamente tão cedo.

“Entramos em um modo de guerrilha. Revisamos as metas, o planejamento estratégico e dividimos o time em 2 grandes grupos. No primeiro, ou você estava vendendo ou ajudando quem estava. No segundo, ou estava trazendo novas mulheres para a base ou ajudando quem estava”, explica Jhenyffer. Com isso, a companhia conseguiu entregar o protótipo B2B na metade do tempo previsto. “A velocidade com que liberamos o produto fez muita diferença, porque conseguimos monetizar em cima dele e impulsionar o faturamento.”

A vez do B2B

Fundada em 2020, a Se Candidate, Mulher! iniciou as operações com foco B2C, ou seja, o consumidor final, incentivando e capacitando mulheres a se candidatarem a vagas de trabalho. Mas, com o tempo, Jhenyffer percebeu que havia um espaço enorme para atuar no B2B, vendendo produtos e serviços para as empresas.

“Não teria como entrar nesse mercado apenas com a receita que gerávamos no B2C – precisávamos de capital externo”, conta a empreendedora. A rodada foi aberta em janeiro de 2022 para fazer a virada para o B2B, e a SCM tinha quase metade fechada por volta de maio, quando os ventos do venture capital mudaram.

“Estávamos no meio do processo quando a Y Combinator publicou a carta [alertando sobre as movimentações do mercado]. Tínhamos recebido o ‘sim’ de alguns investidores estratégicos, mas ainda sem ter o contrato oficial assinado. Por receio de que eles desistissem, fizemos um esforço grande de contenção de crise”, pontua Jhenyffer. Como a recomendação era buscar caixa e sustentabilidade, a SCM mostrou que já vivia este momento desde o início, sempre crescendo com as próprias pernas e sem recursos externos.

O aporte de R$ 1,2 milhão foi feito pelo pool Ladies da Bossanova Investimento, formado por Carol Paiffer (Shark Thank),  Cassia Messias (COO da Zenklub), Lillian Albuquerque (ex-IBM), Carol Rache (Influenciadora Digital e Empresária), João Kepler, entre outros. Também participaram da rodada o Sororitê, rede de investidoras focada em apoiar empresas fundadas por mulheres, e investidores-anjo como Larissa Janz e Carlos Sanjuan.

A startup atingiu quase 3 mil usuários no primeiro ano de funcionamento. Em sua recente operação B2B, a empresa já atende nomes como Nuvemshop, Samarco e Saint-Gobain. “Era uma jogada arriscada, pois já temos um posicionamento sólido com as mulheres do B2C, que confiam na SCM. Mas vimos que o esforço de marketing e vendas é muito maior no B2C e que havia muito espaço para atuar no B2B”, explica Jhenyffer.

Segundo a CEO, a forma como a companhia atua no mercado corporativo é um grande diferencial. “Muitos grupos que trabalham diversidade apontam dedos, mas nós apontamos a solução”, diz. Ela destaca, ainda, o poder da comunidade e legitimidade da HRTech. “Antes de atender as empresas, já olhávamos para as mulheres da base, que é bastante diversa. Cerca de 70% é formada por mulheres negras, 33% são pessoas LGBTQIA+, 30% são mães, 7% são pessoas com deficiência e 5% têm mais de 50 anos. A forma como a SCM se posiciona é muito baseada em mim e na Fernanda, minha sócia, bem característica nossa, o que torna o processo mais legítimo e autêntico”, acrescenta.

Próximos passos

As sócias estão aguardando os resultados do 2º trimestre para decidir se irão buscar uma nova rodada de investimentos no 2º semestre ou se deixarão para o início de 2024. “Os resultados do Q1 apontam que não será necessário abrir uma captação este ano. A decisão será tomada no final do Q2, mas estamos otimistas de que será possível buscar o novo aporte no ano que vem, com tranquilidade e foco 100% em otimizar a tecnologia”, afirma.

Por enquanto, a estratégia é, nas palavras da própria Jhenyffer, de ninguém sai e ninguém entra. “Temos um time enxuto e, depois que formamos uma equipe sólida e de alta performance, adotamos um movimento forte para reter as pessoas que estão aqui”, explica.

O foco para os próximos meses será em vendas. Depois de dobrar o faturamento de 2022 só nos primeiros meses de 2023, a SCM caminha para atingir a meta de triplicar o faturamento do 1º ano da empresa 12 meses após a rodada, chegando a R$ 1,5 milhão. No próximo ano, a expectativa é ultrapassar os R$ 3,5 milhões.

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