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As empresas privadas brasileiras investem muito pouco em inovação. É o que escancara o ranking dos 50 maiores depositantes de patentes de invenção no Brasil em 2023, divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no fim de janeiro. A lista é liderada por uma petrolífera e por universidades públicas.

Com 125 pedidos de patentes em 2023, 15 a mais do que no ano anterior, a Petrobras encabeça o ranking pelo segundo ano consecutivo, sendo a única empresa nacional no Top 10 da lista. A petrolífera soma mais de 1.200 patentes ativas no país e no exterior. A maioria dos projetos associados aos pedidos de patentes do ano passado, conforme a companhia, tem como foco demandas de exploração e produção de óleo e gás, refino, energias renováveis e projetos de desenvolvimento sustentável, como descarbonização e redução de emissões.

E depois de investir mais de R$ 24 bilhões em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&DI) na última década, a petrolífera deve aportar mais US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões) em P&DI durante o quadriênio 2024-2028, segundo seu recém-divulgado Plano Estratégico. Trata-se do maior orçamento da história, com estimativa de elevação de aportes em descarbonização e novas energias em torno de 30% em 2028.

O segundo lugar do ranking ficou com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no interior da Paraíba, com 101 pedidos, um acréscimo de 60 em relação a 2022. Em seguida, a filial brasileira da fabricante italiana de automóveis FCA Fiat Chrysler, com 58 pedidos de patentes, completou o pódio, saltando do 8º lugar para o 3º em apenas um ano.

A UFCG credita o seu desempenho à atuação do Núcleo de Inovação e Transferência Tecnológica (Nitt), criado com a finalidade de apoiar cientistas da instituição no processo de inscrição de patentes, prospecção tecnológica, assessoria jurídica para contratos de transferência de tecnologia e procedimentos de proteção de propriedade intelectual.

“As empresas que ladeiam a UFCG – a 1ª e a 3ª colocadas – possuem orçamentos milionários investidos internamente em atividades de pesquisa e inovação, enquanto a UFCG, uma universidade federal pública, situada no semiárido nordestino, desenha uma trajetória de recomposição de orçamento, em que muitas atividades foram temporariamente interrompidas em virtude do período pandêmico”, declarou o reitor Antonio Fernandes, em comunicado.

Outras universidades públicas que se destacam no Top 10 são: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Unicamp, Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Instituto Federal Catarinense (IFC).

Pouca inovação no setor privado

“Os resultados do ranking do INPI refletem o fato de que as empresas privadas brasileiras investem muito pouco em inovação e, quando investem, têm como foco inovações incrementais”, ressalta Anapatrícia Morales Vilha, professora do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC) e membro da coordenação adjunta de pesquisa para inovação da Diretoria Científica da FAPESP. “Com isso, elas têm menos condições de gerar pedidos de patente.”

De acordo com a pesquisadora, o perfil das equipes de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de companhias do setor privado é indicativo de seu baixo poder inovativo. “Os pesquisadores que atuam em empresas têm, em sua grande maioria, apenas graduação; poucos contam com título de mestre ou doutor”, afirma. “Isso afeta o número de patentes geradas pela iniciativa privada no Brasil.”

Segundo o INPI, foram solicitados 25.367 depósitos de patentes no país no ano passado, 6,5% a menos do que os pedidos de 2022. O resultado de 2023 contabiliza também os pedidos formulados por pessoas físicas e jurídicas não residentes no Brasil, que foram responsáveis por 80% do total (20.396).

O documento completo do INPI com os rankings de depositantes residentes pode ser acessado clicando aqui.

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