fbpx
Compartilhe

Nascida há apenas dois anos, a nstech colocou em prática uma agressiva estratégia de aquisições para se consolidar como uma provedora de tecnologias para o mercado logística. Foram mais de 20 aquisições – sendo a mais recente a da routeasy – que totalizaram um desembolso de cerca de R$ 1,5 bilhão. O resultado foi a criação de um portfólio de mais de 100 ofertas que atendem diferentes necessidades do setor.

Mas em um movimento que parece seguir na contramão do que se esperaria de uma companhia que cria um leque tão amplo – e por que não, dominante – de atuação, a nstech tomou o caminho não de consolidar suas ofertas sob uma oferta e criar o seu cercadinho.  O movimento é de abrir sua plataforma. Pegando emprestado a ideia do open banking, a companhia está investindo no conceito que ela batizou de Open Logistics.

De acordo com Vasco Oliveira, fundador e presidente da nstech, o plano é criar uma plataforma que facilite a adoção e a gestão de tecnologia pelas empresas do setor. “A cadeia ficou muito complexa. Você tem hoje ferramentas diferentes para quase tudo”, diz o executivo, citando o caso de uma empresa que tem sistemas de 36 fornecedores diferentes. “E ainda tem mais umas 30 coisas pra ele comprar”, brinca.

A rigor o lance não seria tão open porque não se baseia em protocolos padrão e abertos criados por um órgão regulador, ou por uma comunidade. Ainda estamos falando de tecnologias proprietárias. Mas o conceito de abertura está embarcado na proposta pelo fato de que, além das criações da própria nstech e de suas adquiridas, ela vai contar com ferramentas de outros fornecedores que quiserem se plugar na plataforma.

Além disso, tecnologias da nstech serão oferecidas sob o modelo de licenciamento para serem usadas por outras empresas e startups para a criação de novos produtos e serviços.

Perguntado sobre uma possível falta de interesse de competidores de se integrarem a essa proposta e sobre a possibilidade de a própria nstech vir a competir com algumas empresas que entrarem na plataforma, Vasco afirma que a ideia não é amarrar os clientes em uma oferta fechada. A fintech que a companhia tem, por exemplo, precisa ganhar relevância por ter o melhor produto. “Queremos ser mais Android do que iOS”, pontua. Além disso, concorrentes de peso como a Totvs estão presentes no portal de conteúdo ligado à nstech, o Mundo Logística, e também nos eventos que ela promove.

Nascimento e resultados da nstech

A nstech nasceu depois que Vasco deixou a AGV Logística. Também um dos fundadores da gestora de private equity Tarpon, ele se aproveitou do seu conhecimento de mais de duas décadas no mercado para colocar de pé o primeiro negócio bolado debaixo de seu guarda-chuva. Hoje a Tarpon é a maior acionista, com pouco menos de 50% do capital. Outros 25% estão com fundadores das empresas adquiridas.

Hoje a companhia tem atuação em 10 países, cerca de 4 mil funcionários e receita de R$ 500 milhões – o dobro de 2021. A expectativa é avançar 60% este ano, chegando a R$ 800 milhões. De acordo com Vasco, 97% dessa receita é recorrente. “Sempre demos resultado e geramos muito caixa”, reforça ele, em uma clara referência a nomes do mercado que nasceram sob o lema de crescimento acelerado e a qualquer custo proposto pelos fundos de venture capital.  

Para ele, o mundo de excesso de capital que existiu até agora não deve existir pelos próximos 15 anos. “Foi mais ou menos isso que levou para chegar aqui depois dos acontecimentos de 2006, 2007”, relembra.

Até aproveitando esse momento de baixa e oportunidades que podem aparecer, Vasco diz que novas aquisições estão no radar da nstech – um novo deal pode ser anunciado em um prazo de 30 a 60 dias -, mas o ritmo certamente vai desacelerar. Uma tese que a companhia tem olhado com atenção é a de greentechs, principalmente dentro do seu CVC.

LEIA MAIS