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Com o boom dos investimentos em startups até 2021, as grandes empresas descobriram um mercado que até então vinha sendo pouco explorado. Mas enquanto o venture capital sofre uma redução de liquidez, no corporate venture capital (CVC), o entusiasmo com esse ecossistema parece continuar, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). A pesquisa aponta que 47% das empresas faz uma avaliação positiva das atuais condições de negócios. Outras 42% fazem avaliação neutra e apenas 11% classificam como negativo.

A pesquisa ouviu 39 empresas, que não tiveram os nomes divulgados. A ABVCAP ressalta que não realizou auditoria ou outra forma de confirmação dos números informados pelas empresas.

O estudo mostra ainda que a maior parte dos programas de CVC brasileiros foi criada em 2022, com 34% do total, enquanto em 2023 esse percentual caiu para 14%, mesmo patamar de 2020. Apenas 3% dos CVCs foram criados em 2019, tendência que se repete também nos anos anteriores, o que mostra que esse mercado é relativamente recente no país.

Programas internacionais de CVC também têm crescido no país, apesar de ainda serem minoria. Cerca de 81% das empresas tinham sede no Brasil em 2023, contra 89% em 2022. Empresas com sede na Europa são 11%, contra 9% no ano anterior; e os CVCs de origem norte-americana são 5%, contra 3% em 2022. A Ásia, que na pesquisa anterior não tinha CVCs atuando no Brasil, hoje corresponde a 2% dos programas.

A maior parte dos investimentos é na América Latina (97,1%), sendo 51,4% no Brasil. Outros 40% estão nos EUA e Canadá, 28,6% na Europa, 20% no Oriente Médio, 17% na Ásia, e 8,6% na África.

Prioridades

Os setores que mais recebem investimentos do CVC são os de serviços financeiros (fintechs e insurtechs), com 57,14%, e os de TI (software, hardware computacional etc), com 51,43%. Em seguida, estão os segmentos de energia (42,86%), transporte e mobilidade (34,17%) e agtechs e foodtechs (37,14%).

Ao contrário do que ocorre com investimentos tradicionais, no CVC o retorno financeiro não é a prioridade. Esse fator foi considerado “criticamente importante” por 34% das empresas, ficando atrás de todos os outros fatores: criar novos negócios (39%), apoio aos negócios existentes (43%) e preparar-se para futuras disrupções (43%).

No entanto, houve mudanças em relação a 2022, quando o retorno financeiro foi considerado “criticamente importante” por apenas 21% dos programas. “Houve um aumento na importância atribuída aos objetivos de retorno financeiro e apoio aos negócios existentes em comparação com 2022. Esses dados indicam uma mudança de foco para objetivos que produzam resultados tangíveis, além da simples preparação para futuras disrupções. Isso sugere uma evolução na estratégia dos programas de CVC, priorizando a criação de valor imediato e sustentável”, destaca o relatório.

Os dados também mostram que os CVCs priorizam a qualidade dos investimentos, em relação à quantidade. Cerca de 90% responderam que pretendem fazer até seis investimentos a cada ano, enquanto 9% têm a intenção de fazer entre 7 e 9.

Recursos

O relatório mostra que o CVC continua sendo uma ferramenta predominantemente utilizada por grandes corporações, com 69% dos programas de corporate venture capital sendo praticados por companhias com faturamento superior a R$ 5 bilhões. A ABVCAP destaca que as porcentagens obtidas nas pesquisas de 2022 e 2023 não apresentaram variações significativas, demonstrando uma estabilidade nesses indicadores.

Entre as empresas participantes, 46% apresentam receita líquida na faixa de R$ 5 bilhões a R$ 50 bilhões. Outros 31% possuem uma receita líquida inferior a R$ 5 bilhões. Na faixa de R$ 51 bilhões a R$ 250 bilhões estão 14% das empresas, e o restante (9%) está na faixa de R$ 251 bilhões a R$ 500 bilhões.

Com relação ao tamanho do fundo de CVC, a maioria (53%) está na faixa de menos de R$ 250 milhões. Cerca de 34% têm fundos entre R$ 251 milhões e R$ 500 milhões. E 13% estão na faixa de R$ 501 milhões a R$ 1 bilhão.

O tamanho atual do budget alocado, por sua vez, registrou dois movimentos em relação ao ano anterior. O budget de menor valor, até R$ 500 milhões, aumentou, passando de 21% em 2022 para 39% em 2023. Enquanto budgets de maior valor perderam representatividade. Na faixa de R$ 50 milhões a R$ 120 milhões, o percentual caiu pela metade, passando de 18% para 9%. Entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões, passou de 24% para 18%. E acima de R$ 500 milhões, de 9% para 6%.

Participação no Conselho

De acordo com o relatório, houve uma redução nos respondentes que ocupam ambos assentos do Conselho, o que sugere a preferência por uma postura menos ativa dentro das empresas investidas. Em 2022, 81% ocupavam assentos no Conselho, contra 51% em 2023. Como observadores, eram 19% em 2022 e 40% em 2023. Já na categoria “nem assentos no Conselho, nem observador”, foram 9% em 2023, contra zero no ano anterior.

“Mais de metade dos assentos do conselho são ocupados por profissionais de investimento em CVC (62,5%). Além disso, os representantes corporativos ainda ocupam um espaço significativo (37,5%) e 20,8% são ocupados por ambos dos profissionais, indicando uma abordagem colaborativa”, destaca o documento.

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