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14 mães empreendedoras no ecossistema de inovação

Neste Dia das Mães, executivas compartilham suas experiências com a maternidade no ecossistema

Mãe empreendedora
Foto: Canva

Conciliar a maternidade com a vida profissional já é, por si só, um desafio. Mas o processo pode ser ainda mais intenso para as empreendedoras, que têm a responsabilidade de criar um negócio do zero, administrar a empresa e garantir o seu crescimento.

“Quando fundei minha startup, com 8 dias após o parto cesariana, coloquei meu filho no bebê conforto e fui captar os alunos para a edtech. Entre uma ligação e outra, amamentava. Era uma jornada de 5 horas diárias de visitas em hospitais, onde estava o público-alvo, e de ligações por telefone em uma secretaria de uma instituição parceira”, relembra Ana Cláudia Camargo, CEO da ITH, startup de ensino de qualidade para profissionais da saúde

Referência no mercado das fintechs no Brasil, Ingrid Barth cofundou o Linker em 2019 como um banco digital para pequenas e médias empresas. Em 2 anos, a startup cresceu de forma acelerada, sendo adquirida pela Omie em 2021. O momento foi de grandes transformações: a venda da empresa por R$ 120 milhões aconteceu enquanto a executiva estava na contagem regressiva para a chegada de sua filha, Maya.

“Por ser mãe de 1ª viagem e na pandemia, foi tudo bem intenso. Como era um momento crítico para todos, cheio de incertezas, tentei manter muito os pés no chão, não romantizar nada na jornada e principalmente não me iludir com relação ao tão falado ‘equilíbrio’. Não acredito que ele exista; às vezes estamos mais para um lado, às vezes para outro. O importante é o resultado final dessa equação ser positivo, ou seja, você estar feliz com as coisas em geral”, afirma.

A executiva conta que desde o início da gravidez teve o apoio de seus sócios, amigos, e da sua família. “Eles conseguiram entender o meu momento como líder de um negócio e como futura mamãe. Agradeço ter chegado até aqui a todas essas pessoas que estiveram ao meu redor. Após o nascimento da Maya, pude contar com uma rede de apoio ainda maior – principalmente outras mães – para conseguir dar conta da empreendedora, da líder e da nova função, que agora era ser mãe”, conta.

Com a missão de conectar mães e mulheres em comunidade e torná-las líderes e livres economicamente, Dani Junco fundou a aceleradora B2Mamy. “A maternidade me deu uma potência ainda maior quando idealizei a B2Mamy. Não que fosse fácil, mas parece que meu cérebro ganhou novas funcionalidades e que me sentia mais forte e preparada para lidar com um novo negócio. Tive uma rede de apoio muito eficiente e amorosa, o que não é a realidade de muitas mulheres do Brasil, mas mesmo tendo que conciliar demandas, a maternidade me fortaleceu”, diz.

A opinião unânime das executivas é que comunidade e redes de apoio são fundamentais na jornada empreendedora de mães e mulheres. “Estruturar e buscar ajuda – seja familiar ou paga – é importante para manter a saúde física e mental da mãe e da criança, principalmente na primeira infância. As empresas também podem ser redes de apoio, formando um bom time que só impacta positivamente a sociedade”, opina Dani Junco.

Para Ingrid Barth, a rede é o que pode fazer a diferença para tornar o ecossistema mais acolhedor. “Importante não esperar encontrar essa rede de apoio ‘pronta’; busque criá-la entre as pessoas que estão ao seu redor, principalmente mães que têm filhos de idade próxima, que irão compartilhar as mesmas fases da criação com você. A maternidade não precisa ser o fim de tudo, e sim um recomeço. Minha vida tem um sentido diferente, é mais bagunçada mas muito mais alegre. Ser empreendedora, líder e mãe, é uma tarefa gigante e que muitas vezes não tem férias ou folga. Consome tempo e energia mental e física, mas é maravilhoso. E é nessa hora que a rede de apoio é fundamental”, pontua.

De mãe para mãe

Refletindo sobre quais conselhos daria para outras empreendedoras que são (ou desejam se tornar) mães, Dani Junco cita 3 pontos:

  • Se conectar com uma comunidade que tenha um objetivo comum;
  • Olhar para o dinheiro sem culpa entendendo que liberdade financeira ajuda a maternar;
  • Ser gentil consigo mesma.

“Você é a melhor mãe que seu filho poderia ter. Essas dicas deram certo para mim, pegue o que fizer sentido na sua realidade e descarte o resto”, acrescenta.

Ingrid Barth, do Linker, ressalta que o mais importante é uma puxar a outra, sempre. “Não tenha vergonha de pedir ajuda. Existem muitas mulheres dispostas a ajudar e formar essa rede de apoio com o bebê, e também a contribuir com o desenvolvimento da carreira”, afirma. Ela fala também sobre a importância de manter os pés no chão, buscar a praticidade e ser um apoio para outras mulheres. “Se mostrar aberta para outras empreendedoras é muito importante.”

“Se puder dar um conselho, e não significa que seja a verdade absoluta, é que as mães não precisam sofrer por estarem trabalhando e reduzindo seu tempo com os filhos. Eles serão privados de alguns cuidados intensos, mas ganharão o melhor exemplo de mãe e profissional. Saberão da importância de terem responsabilidade, pois conviverão de perto ao lado de alguém que é dedicada, resiliente e capaz de organizar o tempo que tem em prol de estar ao lado deles, e que isso significa amor incondicional”, pontua Ana Claudia, da ITH.

A executiva atenta para o fato de que mulheres possuem as mesmas condições físicas e psicológicas que os homens para assumir os cargos, empreender e gerir uma startup, além de aprender soft ou hard skills. “Algumas adaptações podem ser necessárias na maternidade, mas faz parte de uma gestão de carreira bem administrável. [É importante sentir-se segura para tomar decisões arriscadas que poucos as teriam e não deixar que o julgamento pese em seus ombros”, finaliza Ana.

Neste Dia das Mães, selecionamos 14 mães empreendedoras no ecossistema de inovação. Veja, a seguir:

Dani Junco, B2Mamy

Dani Junco, fundadora da B2Mamy
Dani Junco, fundadora e CEO da B2Mamy (Foto: Divulgação)

Dani criou a B2Mamy em 2015 muito motivada por uma inquietação pessoal. Na época, ela estava grávida do filho, Lucas, e questionava se a maternidade prejudicaria o seu progresso profissional. “Quando chamei mães para um café esperando duas e recebendo 80, percebi que esse fenômeno social precisava ser estudado. O que me motivou foi a estatística de milhares de mulheres que saem do mercado e possuem muita dificuldade em retornar ou gerar renda. Como mãe, não só desejei algo melhor para todas elas e seus filhos, como me predispus a mudar esse cenário”, afirma. Dani acredita na capacitação como ferramenta para diminuir o gap de gênero existente no mercado de inovação e empreendedorismo. Com esse propósito, a B2Mamy já capacitou e conectou mais de 10 mil mulheres por meio dos meetups, EAD e programas de capacitação. 

Ingrid Barth, Linker

Ingrid Barth, cofundadora e COO do Linker
Ingrid Barth, cofundadora e COO do Linker (Foto: Divulgação)

Ingrid Barth é cofundadora e COO do Linker, banco digital para pequenas e médias empresas adquirido pela Omie em 2021. Além de continuar atuando na fintech, em novembro do ano passado a executiva foi eleita para assumir a presidência da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), sendo a primeira mulher a ocupar o cargo na história da instituição. Ingrid representa a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) no comitê de Open Banking no Banco Central, e é membro do Comitê de Jovens Empreendedores na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

Mônica Hauck, Sólides

Mônica Hauck, CEO da Sólides
Mônica Hauck, cofundadora e CEO da Sólides (Foto: Divulgação)

Antes de empreender e construir uma das maiores HRTechs do Brasil, Mônica estudou História, mas logo percebeu que gosta muito mais de pensar o futuro do que o passado. A vontade de propor soluções e transformar as coisas a levou ao empreendedorismo. A Sólides é uma plataforma completa para o setor de RH de pequenas e médias empresas e, em 2022, recebeu uma série B de R$ 530 milhões liderada pela Warburg Pincus. “Gosto muito de viajar, alimenta a minha alma. Pegar as crianças e fazer, por exemplo, uma rota dos direitos civis. Aí entra meu lado historiadora, contando a história para os meus filhos. Muitas horas no carro, tendo várias conversas e reflexões”, disse em uma entrevista ao Startups.

Nohoa Arcanjo, Creators LLC

Nohoa Arcanjo, cofounder e CGO da Creators
Nohoa Arcanjo, cofounder e CGO da Creators (Foto: Divulgação)

Antes de entrar no mundo do empreendedorismo, Nohoa atuou no mercado da moda, produzindo editoriais para revistas como Elle e Vogue, além de desfiles do São Paulo Fashion Week e Fashion Rio. Depois, migrou para a área de marketing, passando por TNG e a joalheria Pandora, até decidir cofundar a Creators LLC, plataforma que faz o match entre marcas e criadores de conteúdo por meio de tecnologia e curadoria especializada. Mãe da Gaia, Nohoa lidera a área de growth da Creators unindo os conhecimentos da graduação com o que aprendeu na prática no ecossistema de inovação e com o apoio de programas de aceleração, outros empreendedores e trabalho prático. Além disso, é colunista em diversos portais e mentora na B2Mamy

Jordana Souza, VOLL

Jordana Souza, cofundadora da VOLL
Jordana Souza, cofundadora e CRO da VOLL (Foto: Divulgação)

Jordan lidera a área comercial da VOLL, traveltech de gestão de viagens e mobilidade corporativa que cofundou em 2017, após uma temporada de 2 anos como head of growth no Cabify. Mãe de Maria e Gabriel, a executiva nasceu em Criciúma, Santa Catarina, e saiu de casa aos 16 anos para estudar no Rio de Janeiro, tornando-se a primeira pessoa da família a ter um título de graduação. Além de boa ouvinte e gostar de ouvir histórias, a executiva é apaixonada por ciclismo e já até participou de competições de mountain bike pelo país, e tem o hábito de fazer atividade física com bastante frequência durante a semana.

Jéssica Cardoso, InterPrêta

Jéssica Cardoso, fundadora e CEO da InterPrêta
Jéssica Cardoso, fundadora e CEO da InterPrêta (Foto: Reprodução/LinkedIn)

A InterPrêta é uma empresa de impacto social que promove acessibilidade para a comunidade surda e gera trabalho e renda para mulheres pretas, contribuindo para uma mudança estrutural dos espaços empresariais com o propósito de trazer equidade de gênero, inclusão e diversidade. O negócio foi fundado por Jéssica Cardoso, mãe da Lara e da Zahara, que teve a ideia de criar a companhia após sua própria experiência e atuação profissional como Intérprete de Libras. Além de founder e CEO da InterPrêta, a executiva também é community manager da B2Mamy.

Ana Claudia Camargo, ITH

Ana Claudia e os filhos, Bernardo e Athena
Ana Claudia e os filhos, Bernardo e Athena (Foto: Divulgação)

Órfã aos 27 anos devido a tratamentos e diagnósticos inadequados dos pais, Ana Claudia Camargo herdou da mãe a veia empreendedora, e começou a empreender quando o filho tinha apenas 8 dias de vida. À frente da ITH, ela precisou conciliar a maternidade com os primeiros passos da edtech. Mãe de Bernardo e Athena, Ana também é professora e conta que com menos de 10 dias do nascimento de seu primogênito, muitas vezes precisou lecionar com o filho no colo. “São as diversas situações que mães empreendedoras como eu, sem uma rede de apoio inicial e que vieram de uma realidade mais humilde, precisam lidar para alcançar os objetivos”, pontua.

Andrea Miranda, STANDOUT

Andrea Miranda, cofundadora e CEO da STANDOUT
Andrea Miranda, cofundadora e CEO da STANDOUT (Foto: Luciano Alves/Divulgação)

Andrea é CEO e cofundadora da martech STANDOUT, que usa inteligência em trade marketing digital para auxiliar marcas e indústrias a falarem diretamente com os seus públicos nos e-commerces. Nascida em São Paulo, a executiva é mãe do João, de 16 anos, e tem mais de 30 anos de experiência em TI aplicada ao marketing digital e publicidade. A executiva é formada em Ciência da Computação, já atuou como Analista de Sistemas no Bradesco por 3 anos e foi gerente de tecnologia da informação na agência de publicidade norte-americana Havas Worldwide. Na Standout, ela lidera a empresa no planejamento de estratégias para aquisição de parcerias, na criação e implementação da solução.

Cammila Yochabell, da Jobecam

Cammila Yochabell, fundadora e CEO e fundadora da Jobecam
Cammila Yochabell, fundadora e CEO e fundadora da Jobecam (Foto: Paulo Liebert/Divulgação)

Natural de Mossoró (RN), Cammila fundou a Jobecam em 2016 como uma startup com foco em diversidade e inclusão. A companhia desenvolveu uma plataforma com tecnologia de vídeo que visa tornar o processo seletivo mais diverso, justo e eficiente. Mãe do pequeno Ben, de 5 anos, a empreendedora busca inspirar outras mães a conquistarem seus ideais e quebrar o preconceito de que quem é mãe não pode ter uma carreira sólida. “O Ben é a minha maior inspiração diária. Ser mãe dele é a minha melhor versão e o propósito que eu sigo hoje com a Jobecam é pensando em deixar um mundo melhor para quando ele crescer”, afirma. A executiva também faz parte da rede de mentoras da aceleradora B2Mamy.

Priscilla Erthal, Organica

Priscilla Erthal, sócia e cofundadora da Organica
Priscilla Erthal, sócia e cofundadora da Organica (Foto: Reprodução/LinkedIn)

Mãe de Eduardo e Luisa, a publicitária Priscilla Erthal é sócia e cofundadora da Organica, aceleradora de pessoas e negócios que atua como um parceiro para auxiliar os clientes em sua expansão exponencial. Atuando na área digital desde a época de estudante universitária, acumulou experiências ao trabalhar em grandes empresas como Hotel Urbano, Netshoes e B2W. A executiva observa que, após se tornar mãe, passou a ter um olhar diferenciado para as relações, com possibilidades de equilíbrio dos muitos papéis que a mulher precisa assumir na vida pessoal e profissional, o que implica diretamente na inovação. 

Mariana Achutti, SPUTNiK

Mariana Achutti, cofundadora da SPUTNiK
Mariana Achutti, cofundadora da SPUTNiK (Foto: Babuska Fotografia)

Mariana passou mais de uma década na Perestroika, escola de metodologias criativas, até que, em 2014, decidiu empreender e fundou a SPUTNiK, hub de educadores e profissionais especialistas em soluções de aprendizagem para educação nas empresas. Após se tornar mãe em 2021, ela enxerga a maternidade como uma experiência transformadora, que tem potencial de tornar as mulheres ainda mais preparadas para tudo, inclusive para os negócios. Além de atuar em projetos de empreendedorismo feminino, a executiva passou os últimos nove anos ajudando a provocar mudanças no universo corporativo por meio da educação criativa e disruptiva em clientes como Google, Facebook, Globo, Boticário, Ambev e iFood.

Denise Asnis, Taqe

Denise Asnis, cofundadora da Taqe
Denise Asnis, cofundadora da Taqe (Foto: Divulgação)

Denise é casada, mãe de dois filhos e sócia-fundadora da Taqe, plataforma de recrutamento e seleção para cursos e vagas de emprego. Com mais de 30 anos de experiência na área de RH, a executiva atuou em grandes empresas como Natura, BankBoston, Citibank e Banco Crefisul. Com a missão de gerar oportunidades para todos, ela deseja com a Taqe possibilitar que jovens de baixa renda tenham acesso ao autoconhecimento, desenvolvimento e busca de emprego de acordo com o seu perfil pessoal e profissional.

Luana Ozemela, BlackWin

Luana Ozemela, fundadora da BlackWin
Luana Ozemela, cofundadora da BlackWin (Foto: Reprodução/LinkedIn)

Luana é cofundadora da BlackWin, a primeira plataforma de investidoras-anjo negras do Brasil, criada para apoiar mulheres negras a se tornarem investidoras e conectá-las com o ecossistema de inovação e a negócios liderados por pessoas negras. Mãe do Chigozie, de 5 anos, a executiva também é cofundadora e CEO da DIMA Consultoria, empresa de desenvolvimento econômico e social estabelecida no Brasil e no Qatar, além de vice-presidente in Residence do iFood no Brasil e ex-funcionária do BID, nos Estados Unidos.

Mariana De Marchi, Taggie

Mariana De Marchi, cofundadora e CEO da Taggie
Mariana de Marchi, cofundadora e CEO da Taggie (Foto: Reprodução/LinkedIn)

Apesar de ser formada em marketing com especialização em comunicação social com experiência em gerenciamento de grandes operações de serviço, Mariana sempre foi apaixonada por criar produtos relacionados ao varejo e lifestyle. Não à toa, seu 1º emprego foi em uma loja de Shopping, e gerou alguns dos insights para cofundar a Taggie. A executiva tem um filho de 6 anos e lidera a startup como CEO, à frente da plataforma SaaS (software as a service) com foco no mercado B2B criada para escalar vendas digitais do varejo físico, atuando nas verticais de pagamentos, dados/CRM e operação logística.