Bom dia,
A Cargo X é o mais novo unicórnio do haras latino.
A companhia que começou com uma espécie de Uber conectando motoristas de caminhão a cargas e virou seu modelo de negócios para fornecer tecnologia a transportadoras, deu uma volta mais longa para atingir o status ao se fundir à FreteBras e criar a Frete.com, com a fintech Fretepago debaixo do guarda-chuva.
Teve dedo do SoftBank, é claro, mas o destaque foi para a participação da Tencent na rodada de US$ 200 milhões. Aos poucos o grupo chinês vai montando um portfólio considerável na região. Mais um.
Boa leitura, bom descanso e boa semana,
Gustavo, Fabiana e Gabriela
Semana de 8 a 14 de Novembro
RODADAS DE INVESTIMENTO
- A Cargo X atingiu o status de unicórnio, mas de uma forma indireta. Na verdade, quem ganhou a alcunha foi a Frete.com, uma nova empresa, surgida da união da Cargo X com a Fretebras, que conta também com a recém-criada fintech FretePago. A holding recebeu uma injeção de US$ 200 milhões em uma rodada liderada por SoftBank e Tencent. A ideia é investir no crescimento dentro do Brasil e na expansão pela América Latina a partir do ano que vem;
- A ZAK, nova startup dos fundadores da Mimic, que pretende ser um “sistema operacional” para restaurantes, com sistemas de frente de caixa (PDV), de gestão e meio de pagamento, acaba de levantar uma rodada de R$ 80 milhões (US$ 15 milhões). O aporte, que está sendo chamado de uma série A porque se segue a uma captação de US$ 9 milhões que a Mimic tinha feito no fim de 2019, é liderado pela Tiger Global (que já investiu na Toast, uma das inspirações da ZAK) e contou com a participação de Valor Capital, Monashees, Base 10 e Canary, que já eram investidores.
- A imobles, startup goiana de compra e venda de imóveis, captou R$ 7 milhões em uma rodada seed liderada pela Feba Capital, com participação da Terracotta Ventures. O aporte será usado para investimentos de tecnologia e desenvolvimento, além de expansão para novos mercados nos próximos 2 anos, com foco em cidades do porte de Goiânia, como Campinas, Belo Horizonte e Porto Alegre;
- A fintech Ponto Fácil, que atua por meio de franquias pelo país, pretende levantar R$ 3 milhões em sua rodada seed, prevista para o início de 2022. A ideia é usar o dinheiro para ampliar a equipe de tecnologia, atendimento e operações, além de investir em marketing e financiar o desenvolvimento de seu 1 aplicativo, para que os clientes não precisem se deslocar até um dos pontos de venda para resolver algum problema. A startup espera terminar o ano com faturamento de R$ 1 milhão, pelo menos 5x mais que o obtido em 2020;
- A Doji, marketplace online com sede no Reino Unido, recebeu um aporte de US$ 3 milhões em rodada seed. A operação foi liderada pelo fundo de venture capital Canary, com participação de Norte Ventures, 1289 Capital, entre outros. A companhia espera revolucionar a venda de celulares usados, oferecendo uma plataforma online onde usuários podem comercializar seus antigos aparelhos;
- A StartSe está com o caixa cheio. A plataforma de educação recebeu R$ 75 milhões da gestora Pátria Investimentos, que passa a ter participação minoritária – de tamanho não divulgado – na operação. O dinheiro será usado para aquisições em diferentes áreas, expansão internacional e tecnologia. A companhia, que tem hubs em São Paulo, Vale do Silício e Miami (Estados Unidos), China, Israel e Portugal, tem planos de ampliar sua presença na América Latina;
- A agtech Agrisolus, que leva inteligência artificial a granjas e frigoríficos recebeu um novo aporte da KPTL, num total de R$ 2 milhões. É o 2º investimento da gestora na companhia fundada em 2016 em Campo Mourão (PR), que multiplicou por 12 seu faturamento, em comparação ao mesmo período de 2020. Hoje as soluções da Agrisolus estão presentes em quase 600 aviários de 7 Estados brasileiros;
- A insurtech Picsel, que atua com seguros agrícolas, levantou R$ 384 mil da Poli Angels, grupo de investidores anjos fundado por ex-alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Recém-aprovada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), a startup está em fase de atração dos primeiros clientes, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Inicialmente, o foco das operações está nas regiões sul e sudeste do Brasil, mas a expectativa é abranger todo o país em até 3 anos.
- A isaac, startup que ajuda escolas a gerir seu fluxo financeiro, levantou uma série B de quase R$ 700 milhões (US$ 125 milhões). A rodada foi liderada pela General Atlantic e teve participação da SoftBank e da Kaszek. GA e Kaszek já tinham investido na companhia em março;
- O banco digital para condomínios CondoConta, primeiro banco do mundo voltado para condomínios, recebeu um aporte de aproximadamente R$10 milhões da gestora de capital Igah, Ventures. É o 3º aporte da companhia em menos de 9 meses. A CondoConta diz ter crescido 1067% no último trimestre;
- O Tribanco, braço financeiro do grupo Martins, fez um investimento na T10, startup mineira que atua nas áreas de engenharia de software, inteligência de dados e de consultoria de projetos digitais para empresas. O acordo, cujo valor não foi revelado e envolve uma fatia minoritária da operação, está sendo fechado por meio da Simtech, empresa de tecnologia do Martins. Mas a porta de entrada da T10 no grupo é, de fato, o banco, que já havia feito um investimento-anjo na operação, em agosto de 2020, não divulgado até então;
- A Divibank, fintech nascida em 2020 com o objetivo de ajudar outras empresas a crescer por meio de sua plataforma que une inteligência e capital, recebeu um aporte de R$ 28 milhões liderado pela Goldfinch. O investimento chega 6 meses depois de a companhia ter levantado outros R$ 20 milhões com a Better Tomorrow Ventures;
- A 2TM, dona do Mercado Bitcoin, liderou uma rodada de R$ 90 milhões na Cerc. A movimentação tem como objetivo aproximar as duas empresas com vistas ao lançamento de um serviço de tokenização de recebíveis. A rodada contou com a participação de outros investidores que já estavam no negócio.
FUSÕES E AQUISIÇÕES
- Em sua 3ª aquisição desde o IPO, a rede de pet shops Petz comprou a Cão Cidadão, especializada em adestramento. A estratégia é chegar em 2025 como o maior ecossistema pet do mundo, com um portfólio variado de produtos e serviços para os bichinhos e seus tutores. O valor da operação não foi divulgado;
- A SalesFarm, plataforma de terceirização de times comerciais, fez seu primeiro M&A com a compra do Instituto Vendas, escola que oferece treinamento e capacitação para vendedores e times comerciais. O Instituto já foi responsável pelo treinamento de mais de 35 mil vendedores de grandes empresas, como Ambev, American Airlines e Ipiranga. Com o negócio, a SalesFarm projeta sair de R$ 3 milhões para R$ 12 milhões de faturamento até o final de 2022;
- Ainda não é Natal, mas a Matchbox já foi às compras. A companhia, especializada em soluções de employer branding com foco em marketing para recrutamento e seleção de talentos, acaba de anunciar sua 1ª aquisição. A escolhida foi a startup HR Bot, que desenvolveu um assistente virtual que gera respostas instantâneas às perguntas rotineiras dos colaboradores de uma empresa. A operação, de valor não revelado, chega num momento de crescimento para a Matchbox. Depois de ver seu faturamento saltar de R$ 3,5 milhões para R$ 7 milhões no último ano, a startup, cujo foco está no mercado B2B, quer expandir suas atuações de olho em employee experience. O objetivo é olhar para a jornada do funcionário após a contratação para, assim, promover o bem-estar de todos os colaboradores.
- A Estapar comprou a Zul Digital. A aquisição será paga com a emissão de até 12,963 milhões de ações, o que equivale a cerca de R$ 66 milhões a preços de mercado. Além disso, haverá uma parcela em dinheiro de R$ 8,4 milhões — o que eleva o total a aproximadamente R$ 75 milhões. Com o negócio, a companhia não uma empresa de estacionamentos, mas como uma autotech;
- A paulista Superlógica, investida pela Warburg Pincus, está fundindo seu negócio de locação imobiliária com a paranaense Arbo. Juntas, as companhias formam uma base de 4.400 imobiliárias com uma média atual de 300 novas por mês, o que dá volume à nova plataforma transacional de imóveis. O acordo envolve troca de ações, um aporte financeiro da Superlógica na Arbo, bem como o aporte de seu negócios de locação — as companhias não abrem as cifras;
- O boostLab, do BTG Pactual, fez o 1º exit de seu portfólio com a venda da Digesto para a JusBrasil;
NOVOS FUNDOS
- A Canary fechou a captação de seu 3º fundo em 5 anos de atuação. Com o novo veículo de US$ 100 milhões a gestora soma US$ 120 milhões captados e mais de 100 investimentos feitos. A ideia é fazer mais 50 agora;
- A Totvs montou um fundo de corporate venture capital próprio e pretende investir R$ 300 milhões em startups ao longo dos próximos 4 anos. O fundo será gerido pela Citrino, family office da família Moraes, da Votorantim. Os alvos são startups que atuem nas áreas de saúde, varejo, manufatura, serviços financeiros, agricultura e educação;
- A argentina Globant, por meio da Globant Ventures, sua unidade de capital de risco, lançou um novo fundo de US$ 10 milhões. O BeKindTech Fund “visa combater os efeitos sociais negativos criados pelo mau uso da tecnologia”,e busca empresas em todo o mundo que estão desenvolvendo maneiras de manter o uso de tecnologia saudável e seguro. O fundo fará investimentos que variam entre US$ 100 mil e US$ 1 milhão, caso a caso.
TIM COOK HEARTS CRYPTO
- O presidente da Apple, TIm Cook, declarou, durante o DealBook Online Summit, que tem dinheiro investido em criptomoedas e que estuda o assunto há algum tempo. “Acredito que seja razoável ter [criptomoedas] como parte de um portfólio diversificado”, disse. Apesar de seu interesse pessoal pelo assunto, o todo poderoso da empresa da maçã disse que ela não deve entrar nessa onda.
MEA CULPA
- No mesmo evento, Adam Neumann, fundador e ex-presidente do WeWork, fez um mea culpa do que rolou na companhia e tentou limpar sua barra se dizendo arrependido de muitas coisas que fez antes de ser enxotado (por um bom preço) da companhia que fundou.
IN BITCOIN WE TRUST
- Quem também declarou seu amor por criptomoedas foi a proptech colombiana La Haus. A startup passou a aceitar bitcoins como forma de pagamento por imóveis. O processamento das operações será feito por meio da OpenNode. O lançamento está sendo feito em um empreendimento em Playa del Carmen, no México e a expectativa é ter a opção disponível em mais imóveis em breve. Criada em 2017, a La Haus opera em 10 cidades na Colômbia e no México. A companhia diz já ter intermediado mais de US$ 1 bilhão em transações e tem 1 milhão de usuários por mês nos dois países.
LOCAWEB HEARTS PAGAMENTOS
- A Locaweb juntou a Vindi e a Yapay e pretende investir pesado no segmento de pagamentos a partir de 2022. “Não faz sentido ter uma marca para recorrência e outra para transações. E colocar alguém como o Dantas para tomar conta reforça muito a estratégia. Estamos entrando de cabeça”, disse Fernando Cirne, presidente da companhia, ao Startups. A ideia é construir um portfólio completo de ofertas nessa área ao longo dos próximos 12 meses, aproveitando o que as duas companhias já fazem, mas também juntando outras partes do portfólio como ConnectPlug, Bling e Pagcerto, além de desenvolver – e quem sabe até mesmo comprar – coisas novas.
CI&T ESTREIA NA NYSE
- A empresa de serviços de tecnologia CI&T, que nasceu em Campinas (SP), estreou na bolsa dos EUA. A listagem na NYSE (mesa bolsa escolhida por VTEX e Nubank) aconteceu com uma valorização de 20% logo na abertura do pregão. Mas só saiu depois de a companhia reduzir o preço do papel na véspera por conta das dúvidas com relação ao Brasil.
INVASÃO DO BEM
- Hacker desde criança, Igor Rincon decidiu unir educação ao entretenimento para difundir o hacking como uma prática do bem. Desde 2020 se dedica ao seu próprio negócio, a Hacking Esports, empresa que dissemina a prática hacking no mundo. Uma das ações é um campeonato hacker mundial, o UHC, que premia quem invadir primeiro uma máquina criada especialmente para o evento. Além do patrocínio com a competição, a empresa fatura com outros 2 produtos: o Find your Hacker, espécie de UHC que empresas fazem internamente para reconhecer e engajar seus talentos, e o Employee Experience, que permite às empresas realizarem um campeonato externo para recrutar talentos.
STARTUPS DE SAAS
- Nos próximos 4 anos, a Totvs vai desembolsar R$ 300 milhões para investimentos em startups com grande potencial de crescimento e capacidade de inovação. Serão priorizadas empresas que atuem com desenvolvimento de SaaS e (ou) com gestão e tráfego de dados. O movimento estratégico será feito através de um fundo CVC gerido pela Citrino Gestão de Recursos, dando à Totvs uma opção a mais de investimento estratégico e financeiro, num formato minoritário.
UNICÓRNIO TECH
- Novo unicórnio na área! A OpenWeb, plataforma israelense usada por editores de texto para gerenciar comentários e interações dos usuários leitores, acaba de levantar US$ 150 milhões em uma rodada série E, elevando seu valor de mercado para US$ 1.1 bilhão. A operação foi liderada por Insight Partners e Georgian Partners e contou com a participação do The New York Times. Os investidores Omer Cygler, Harel e Entrée Capital também participaram desta rodada.
CAIXA CHEIO
- A fintech VirtusPay recebeu R$ 100 milhões em debêntures, emissão de títulos de dívida. Os papéis foram comprados por grandes gestoras, como Verde Asset, Ibiúna, Augme e Schroders. Em julho, a companhia já havia feito uma emissão privada de R$ 25 milhões. Com o caixa reforçado, a empresa, que já oferece um produto “buy now, pay later”, pretende investir em operações de crédito direto ao consumidor.
QUER INVESTIR?
- Já pensou em investir em uma startup, mas não sabe como? A questão mais importante é ter noção do risco que você está disposto a tomar. O cardápio que o ecossistema oferece é bem variado. Tem opções para todos os gostos e bolsos. Investimento anjo, crowdfunding e venture capital são algumas das vias. Para facilitar sua vida e escolha, separamos as principais maneiras de se investir em startups e algumas dicas de quem entende do assunto.
DANÇA DAS CADEIRAS
- Às vésperas do IPO (dia 9 de dezembro), o Nubank segue reforçando o quadro de colaboradores C-level. A nova aposta é Sandro Manteiga, ex-diretor operacional do PicPay, que assume como vice-presidente de operações no banco digital. O executivo, formado em engenharia mecatrônica com doutorado em ciência da computação e matemática, tem passagens por Deutsche Bank, Barclays, Itaú Unibanco, PagSeguro, Bain & Company.
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