Boa tarde,
O dia da mulher é uma data que simboliza a luta por espaço e direitos. Avanços foram conquistados nas últimas décadas, mas a batalha está longe de estar ganha. Tomara que nos próximos anos os ganhos sejam exponenciais valendo-se das conquistas feitas até agora.
Um tema que tem ganhado muita força são as startups criadas por mulheres e a atuação das mulheres como investidoras. Em artigo publicado hoje no Startups, a publicitária convertida em investidora Flávia Mello fala um pouco sobre a experiência dela. O material marca a abertura de um espaço para publicação de artigos de mulheres que eu tenho certeza que será muito bem preenchido. Sugestões de nomes para escrever e de artigos, é só me falar.
Sobre a semana passada, foi daquelas bem movimentadas (tanto que atrasei bastante a mandar o CODEX de hoje. Teve a nova rodada da Loggi (R$ 1,1 bilhão), duas novas empresas entrando com pedido de IPO na B3 (Infracommerce e Bionexo), as compras feitas pela Locaweb, pelo Magazine Luiza e pela Square, do fundador do Twitter, Jack Dorsey. que, aliás, vendeu o primeiro tuíte feito na rede por US$ 2,5 milhões por meio de um non-fungible token (NFT). E muito mais.
Boa leitura e boa semana.
Gustavo Brigatto
Fundador e Editor-Chefe
SEMANA DE 1 a 5 de MARÇO
RODADAS DE INVESTIMENTO
- A Loggi levantou R$ 1,1 bilhão (US$ 212 milhões) em uma rodada série F que avaliou a companhia em US$ 2 bilhões. O aporte teve uma característica bem peculiar: foi liderado pelo fundo brasileiro CapSur Capital, de Marcel Arins, e atraiu o mítico Verde, de Luis Stuhlberger, que nunca tinha feito um investimento direto em uma empresa de tecnologia. Tradicionalmente, gestores brasileiros não assinam cheques em empresas acima de série C, por conta dos altos valores envolvidos. O interesse é um sinal da forte expectativa com relação ao setor de logística por conta do salto de crescimento do comércio eletrônico trazido pela pandemia. Além dos dois novos investidores, a rodada contou com a participação de Monashees, GGV, Microsoft, Sunley House e SoftBank;
- A healthtech Neomed, que ajuda hospitais e laboratórios a reduzirem custos com laudos de exames, levantou uma rodada de R$ 6,5 milhões liderada pela Positive Ventures que contou com a participação da IKJ Partners, Provence Capital e investidores-anjo.
- A Olist fez um investimento minoritário na uruguaia nocnoc, que permite que produtos de vendedores internacionais sejam vendidos em marketplaces na América Latina. É o terceiro investimento feito pela Olist desde o aporte de R$ 310 milhões recebido da SoftBank em novembro/20. Os outros dois foram na PAX Logística e na Clickspace;
- Falando em SoftBank, ela fez um aporte no UOL EdTech, o braço de educação do UOL. O valor do investimento não foi revelado. Essa é a 3ª incursão da SoftBank no mercado de educação – ela levou uma fatia na Afya na venda da iClinic e liderou a captação de R$ 450 milhões da Descomplica. O investimento resolve um pepino que o UOL tinha já há alguns anos de achar um sócio para a operação de educação;
- A fintech sueca Klarna, de compras parceladas, levantou uma rodada de US$ 1 bilhão. O valuation da companhia saltou 6 vezes em 18 meses, para US$ 31 bilhões;
- A inglesa Hopin, concorrente do Zoom, levantou US$ 400 milhões em uma série C liderada pela Andreessen Horowitz com participação da General Catalyst. Com isso, a empresa está avaliada em US$ 5,65 bilhões.
- A empresa de entrega de compras de supermercado Instacart levantou uma rodada de US$ 265 milhões avaliada em US$ 39 bilhões, mais que dobrando seu valuation pela segunda vez em um ano. O aporte foi liderado pela Andreessen Horowitz, Sequoia Capital e D1 Capital Partners, que já eram investidores da companhia.
NOVOS FUNDOS
- A GRIDS Capital, gestora focada em deep tech, está finalizando a captação de um fundo de US$ 120 milhões. Isso é quase 3 vezes mais que seu fundo anterior. Até agora, a GRIDS já conseguiu captar US$ 113 milhões. Quando o novo veículo foi lançado, há um ano, a ideia era levantar US$ 75 milhões, mas a pandemia acelerou as coisas e aumentou a demanda;
- A Faber-Castell montou uma área de corporate venture capital para investir em startups de educação no Brasil. O valor a ser aportado não foi revelado. A iniciativa foi criada depois de um teste feito por meio de um aporte na Layers Education em 2020. O investimento fez a startups saltou de 90 mil para 350 mil alunos atendidos e triplicou o faturamento anual. No momento, o programa está selecionando 12 scale-ups por meio do Endeavor EdTech;
- A DOMO Invest levantou seu quarto fundo, de R$ 105 milhões. O Domo Ventures Fund 2 FIP Mult recebeu aportes dos fundos de pensão de Syngenta, Novartis e Roche, além de Caixa Seguridade, BB Seguridade e diversos fundos e family offices;
- A Pravaler, de financiamento estudantil, levantou R$ 180 milhões em FIDCs para ampliar a concessão de crédito e fazer a gestão e aquisição de carteiras de financiamento próprio das universidades. A companhia, que tem o Itaú como sócio com uma fatia de quase 40%, tem como meta atender 1 milhão de alunos e financiar R$10 bilhões nos próximos 5 anos.
FUSÕES E AQUISIÇÕES
- As fintechs de crédito Geru e Rebel juntaram as escovas por meio da criação da holding Open Co.. As empresas continuarão a existir e a operar separadamente, e seus acionistas terão participação na holding. A nova empresa terá uma carteira de mais de R$ 800 milhões em empréstimos, e uma participação de 1,5% do mercado de crédito brasileiro. A expectativa é chegar a R$ 1,5 bilhão em 2021. Ela também se torna a maior fintech de crédito do país, com quase 10% do total de R$ 9 bilhões de empréstimos feitos.
- A Locaweb anunciou sua 3ª aquisição de 2021: a consultoria de desenvolvimento em e-commerce Samurai. A compra foi fechada por R$9,8 milhões, segundo o fato relevante da Locaweb. Os fundadores da empresa terão direito a earn out atrelado a metas pre-estabelecidas. Criada em 2019, a Samurai tem 40 funcionários. O valor da receita não foi revelado. A Locaweb costuma pagar múltiplos entre 4 e 5 vezes receita em suas aquisições, o que leva a crer que a receita da Samurai estaria na faixa de R$ 2 milhões.
- O Magazine Luiza comprou a Vipcommerce para reforçar sua atuação na entrega de comida. É a segunda aquisição nessa área, reforçando a estratégia da companhia de investir em segmentos de alta frequência de uso para oferecer dentro de seu aplicativo. No ano passado, uma das 9 aquisições feitas pela varejista foi do aplicativo AiQFome. O valor da operação não foi revelado.
- A Accenture comprou a brasileira Pollux, fabricante de robôs industriais. O valor da operação não foi revelado. A companhia de Joinville (SC) será integrada à divisão Industry X da consultoria.
- A Square, empresa de pagamentos de Jack Dorsey, cofundador e presidente do Twitter, anunciou a compra do serviço de música criado pelo rapper (convertido em empresário de sucesso) Jay Z. O negócio de US$ 297 milhões levantou sobrancelhas e perguntas do tipo “por que diabos” para baixo. O palpite é que com isso a Square poderá criar serviços de remuneração para artistas. Mas por que uma aquisição, não uma parceria??
- A americana Okta comprou o unicórnio argentino Auth0 por US$ 6,5 bilhões. O valor é mais de três vezes superior que o valuation da companhia na rodada fechada no meio do ano passado, que contou com a participação da Salesforce Ventures.
MAIS IPOs
- Depois do GetNinjas, foi a vez da Infracommerce (plataforma de comércio eletrônico concorrente da VTEX e da Locaweb) e da healtetech Bionexo entrarem com seus pedidos de IPO. Com elas, já são 6 empresas de tecnologia na fila para entrar na B3 neste ano. Lembrando que 5 companhias fizeram ofertas entre janeiro e fevereiro (Intelbras, Mosaico, Mobly, Bemobi e Westwing).
MAIS UM DELIVERY
- O Banco Inter, que está construindo um ecossistema de serviços em torno de sua conta digital – digo ecossistema porque não curto a ideia de superapp, que só o WeChat conseguiu fazer -, lançou a opção de entrega de comida em parceria com o Delivery Center (da Locaweb). Parte do dinheiro dos pedidos poderá voltar para o cliente no formato de cashback.
EU VOLTEI
- O GPA está de volta ao Rappi. Depois de anunciar sua saída do aplicativo em 2018 para atuar apenas com seu próprio serviço, o James Delivery (que ela comprou naquela época), a rede (que acaba de fazer a divisão de seu negócio de atacado, o Atacadão, em uma empresa separada com capital aberto) o grupo mudou de estratégia. “Temos convicção que, desta forma, poderemos melhorar ainda mais a experiência do cliente, que, cada vez mais, busca mais comodidade, rapidez, acessibilidade e um serviço de qualidade. A ampliação de nossas parcerias vai dar mais robustez e fortalecer nossa posição de liderança no e-commerce alimentar no país, com um leque maior de last mile delivery”, disse Rodrigo Pimentel, diretor de e-Commerce do GPA, em comunicado. Quem fez compras no Pão de Açúcar nos últimos meses, sabe o quanto isso é necessário.
DANÇA DAS CADEIRAS
- O Bradesco nomeou o executivo Renato Ejnisman, de 51 anos, para tocar o banco digital Next, voltado ao público jovem. O cargo não existia até agora. O banco nascido em 2017 tem atualmente 4 milhões de contas e planos de chegar a 7 milhões até o fim do ano – além de fazer um IPO em um prazo de 2 anos. O banco da Cidade de Deus ainda criou uma vice-presidência de clientes, que será tocada por Rogério Câmara.
- Às vésperas de fazer seu IPO (que ao que tudo indica, acontecerá na Nasdaq ainda no 1º semestre, e com potencial para superar os US$ 2,2 bilhões do PagSeguro em 2018), a PicPay anunciou a contratação do 6º alto executivo no ano. André Cazotto, que até agora era diretor de relações com investidores do PagSeguro, assumirá a posição na companhia. É o segundo executivo da empresa que o PicPay “rouba”. Antes, ela tinha trazido Rômulo Dias. Além dos dois, a companhia que faz parte do grupo J&F contratou Ricardo Sonoda (como VP de finanças); Fabio Plein (para PicPay Store), e Eduardo Chedid (ex-Elo, como VP de serviços financeiros).
- Alexandre Artmann foi nomeado COO da corretora Avenue, do ex-XP, digo ex-WinTrade e Clear, Roberto Lee. A ideia é que Artmann lídere os esforços da companhia para ir além da corretagem de ações, seu único produto no momento. Além dele, a corretora trouxe a bordo, para tocar a criação de área de banco, Gerrit Glass, que foi responsável pelos primeiros passos da N26 no Brasil e, até o fim do ano passado estava na Nomad.
- A Sympla contratou Valeria Molina, Alvaro Anton e Marcus Cardoso para ocuparem, respectivamente, os cargos de head de Marketing, diretor financeiro (CFO) e de tecnologia (CTO) na empresa.
SPIN-OFF
- Enquanto Lojas Americanas e B2W trabalham para juntar suas operações e encontrar sinergias entre os mundos físico e on-line, a Saks Fifth Avenue resolveu fazer o caminho inverso e separar seu negócio digital em uma nova empresa, a Saks.com, avaliada em US$ 2 bilhões. A operação será feita com a injeção de US$ 500 milhões pelo fundo Insight Partners. A ideia é usar os recursos para investir mais ainda em comércio eletrônico.
TUÍTE MILIONÁRIO
- Jack Dorsey, fundador do Twitter, colocou à venda seu primeiro tuíte, de 2016. E o valor arrecadado foi de US$ 2,5 milhões. O comprador vai receber um certificado digital conhecido como non-fungible token (NFT), um tipo de registro único feito no blockchain que ganhou força nas últimas semanas como forma de certificar a posse de itens vendidos no mundo digital. A oferta faz parte da estratégia do Twitter de criar formas para criadores de conteúdo serem remunerados pelas suas produções – caminho que o Clubhouse também quer perseguir.
RECOMENDAÇÔES DE LEITURA
- Alibaba Co-Founder Jack Ma Loses Title as China’s Richest Person (WSJ)
- 10 Breakthrough Technologies 2021 (MIT Technology Review);
- Clubhouse Is Recording Your Conversations. That’s Not Even Its Worst Privacy Problem (Inc.);
- Senado aprova Projeto de Lei que prevê linhas de crédito especiais para startups (Olhar Digital);
- Facebook dips as CFO says vaccine progress means ad growth headwinds (SeekingAlpha)
- ‘Can’t Get More Crazy’: Series A Valuations Extend Record Rise (The Information)
- WhatsApp libera chamadas de voz e vídeo pelo computador; veja como usar (G1)
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- Report do escritório Opice Blum, Bruno e Vaizof Advogados sobre o Marco Legal das Startups (que saiu do Senado e já está na Câmara)