Por trás de toda rodada de investimento, aquisição de empresa ou criação de um fundo, existe um escritório de advocacia. Mas nem sempre o mesmo escritório consegue acompanhar as startups e gestoras em todos esses processos. Há mais de 30 anos no mercado, o Mattos Filho lançou em 2022 uma vertical específica para a prática de Venture Capital, e quer se posicionar cada vez mais como um one stop shop para o ecossistema de inovação.
A ideia é poder assessorar as startups desde o early-stage até o exit, seja por meio de um M&A ou IPO, afirmam Tomás Neiva e Camilla Martes, sócios de Venture Capital do Mattos filho, em entrevista exclusiva ao Startups. Do lado dos investidores, eles também querem estar presentes desde a estruturação do fundo, até a negociação dos deals, ou até mesmo a criação de hubs de inovação.
A área cresceu 25% este ano e planeja crescer na mesma proporção em 2025, mas “sem pressa para chegar a um determinado market share”, segundo os sócios.
Um dos diferenciais do Mattos Filho é a tradição do escritório em áreas como mercado de capitais, tecnologia e transações, como fusões e aquisições. “Nossa estrutura de escritório é modified lockstep, ou seja, todos os incentivos são colocados para colaboração entre as práticas, o que nos permite criar uma prática de Venture Capital com uma força do conjunto que outros modelos baseados em performance individual não conseguiriam”, aponta Tomás.
O desafio inicial, segundo Camilla, foi mostrar para o ecossistema de inovação que o Mattos Filho atua nessa indústria, entende do mercado e tem pessoas focadas nessas operações e suas especificidades.
“A gente vinha acompanhando clientes que seguiram o movimento de surgimento do venture capital no Brasil. Fundos de private equity, family offices, etc, que vinham fazendo investimentos focados mais no late stage, começaram a olhar estágios mais iniciais de companhias, junto com um movimento que vinha de VCs mais antigos que estavam começando a entrar no Brasil. Ao longo do tempo, fomos ganhando esse corpo, entendendo a dinâmica própria do mundo do venture capital, o apetite pra risco, velocidade, dinâmica entre os investidores. E com isso nos estruturamos internamente para ter a prática, em 2022”, conta a advogada.
Camilla destaca que essa foi uma decisão institucional do escritório, que já havia inclusive feito uma pesquisa com os clientes e percebido que havia uma demanda para a criação de uma prática específica para o Venture Capital. Neste momento, Tomás se junta ao time para “dar propulsão” à nova área. Dois anos depois, o escritório vem “colhendo os frutos com sucesso”, diz ela.
Para Tomás, ter um grupo especializado nesse segmento se mostrou importante estrategicamente. “Havia uma percepção de que a gente precisava, do ponto de vista estratégico, estreitar os nossos relacionamentos um pouco antes do que a gente estava acostumado na trajetória de uma empresa de tecnologia. Porque cada vez mais as operações de M&A e IPO são VC backed, ou seja, são financiadas por rodadas de investimento. E a gente precisava estar posicionado desde o início da jornada dessas empresas”, diz.
E, para que isso fosse feito da melhor forma, era preciso que o escritório tivesse um grupo que “pensasse com a cabeça de venture capital”, acrescenta Tomás. Para ele, o modelo colaborativo do escritório é um dos motivos para o crescimento registrado pela prática de Venture Capital este ano.
“Nossa intenção é se posicionar como um player relevante em venture capital, tanto em número de transações, quanto em valor. Estamos ocupando nosso espaço de uma maneira rápida, mas ainda temos muito espaço para crescer, para ganhar market share”, afirma o advogado.