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O sonho do IPO está vivo na Senior, mas não há pressa

Tradicional empresa de soluções de gestão bateu R$ 1 bilhão em receita anual, com a máquina de M&As bem ligada

Carlenio Senior
Carlenio Senior. Foto: divulgação

Com mais de 35 anos no mercado de tecnologia, a Senior Sistemas está mais para o proverbial camelo do que para os unicórnios do ecossistema. Entretanto, a companhia registrou números notáveis de crescimento nos últimos anos, ganhando moral para mirar novamente um plano antigo: o IPO.

“Estamos prontos e temos a sustentabilidade necessária para um IPO, mas não temos pressa. Estamos esperando uma janela mais favorável”, pontua Carlênio Castelo Branco, CEO da Senior, em conversa exclusiva com o Startups.

Esse ânimo reaquecido para uma futura oferta pública está sustentada nos números. Em julho, a Senior – não confundir com a Senior Solution, que em 2018 mudou de nome e hoje é conhecida como Sinqia – alcançou uma marca inédita, registrando R$ 1 bilhão em receita nos últimos 12 meses.

Nos últimos cinco anos, a companhia obteve alta de 119% em sua receita líquida, passando de R$ 382 milhões, em 2019, para R$ 835 milhões, em 2023. No período, o lucro líquido cresceu 175% e a geração de caixa 139%.

“Focamos em ser uma companhia de crescimento consistente ano a ano, na média dos 22%. Isso fez com que alcançássemos um share e rentabilidade consideráveis no segmento”, destaca Carlênio, perguntado sobre como a companhia catarinense tem se portado no mercado de softwares de gestão, um cenário ocupado por grandonas com faturamento quatro vezes maior (Totvs) e também por desafiantes famintas e capitalizadas – como por exemplo a Sankhya.

Por falar em fome, assim como a Sankhya, a Senior também tem investido pesado em aquisições para acelerar seu crescimento no mercado. Segundo Carlênio, foram 25 aquisições e 5 investimentos em empresas nos últimos 12 anos. Só em 2024 foram quatro M&As.

O mais recente foi da Hypnobox, solução voltada ao setor de construção e incorporação. Para a vertical de agronegócio, a comprada foi GAtec, especialista em software para gestão agroindustrial. Na vertical de Gestão Humana, a companhia também anunciou neste ano a compra da HRTech JobConvo, especializada em software para gestão de recrutamento e seleção para seu módulo de HCM.

“Na nossa média de crescimento anual, 6% dos 22% que falei antes vêm de nossos movimentos de fusão e aquisição”, pontua Carlênio. “A gente foca em empresas maiores, mas a gente também para startups olhando empresas que sejam complementares ao nosso portfólio, e que estejam prontas para escalar”, completa.

Novas direções

Como toda empresa com um possível IPO no horizonte, a Senior também está olhando para além de seu ERP para acessar novas avenidas de crescimento. Um dos movimentos bem-sucedidos da companhia foi a fintech Wiipo, de servicos financeiros e benefícios para os colaboradores dos clientes.

Já são aproximadamente 2,8 milhões de colaboradores conectados ao aplicativo. A Wiipo contabilizou crescimento de 88% na concessão de créditos consignados e expansão de 80% de receita comparado ao semestre anterior.

“Hoje nossos sistemas de RH processam 20% dos funcionários das maiores empresas do país, então foi natural pensar em produtos e serviços para atender toda essa base de usuários. É um produto que ganha cada vez mais presença dentro de nossos clientes do ERP”, destaca o CEO.

Além disso, a companhia está com outro movimento engatilhado na frente de serviços financeiros, desta vez voltados para as empresas. Anunciada no ano passado, a Senior firmou uma joint-venture com o BTG Pactual para oferecer dentro de sua plataforma serviços como capital de giro, antecipação de recebíveis e outros tipos de financiamento.

“Já temos uma base formada de 13 mil clientes para o nosso ERP banking, só estamos esperando a liberação do Banco Central. Está pronto, se sair a liberação amanhã, já podemos colocar no ar amanhã”, dispara.

Outra frente citada por Carlênio é a de plataforma, abrindo para outras empresas e startups desenvolverem soluções complementares. “Pode ser BPM, uma rede social. Eles criam em cima e disponiblizam no nosso marketplace. Estamos apostando também em ecossistema, que é onde também a gente quer estar próximo das startups, e trabalhar comunidade”, explica.

Quando vem o IPO?

Perguntado sobre como está o caixa da empresa para manter o ritmo de expansão, o CEO da Senior foi enfático. “Até hoje, todas as aquisições foram feitas com recursos próprios. Sempre crescemos com rentabilidade, o que fez gerar caixa para nossos planos estratégicos”, afirma.

Entretanto, Carlênio admite que existem possibilidades para a Senior crescer a partir de investimentos externos. Entretanto, o caminho escolhido, caso isso ocorra, será o do IPO.

A Sankhya, por sua vez, optou por um caminho diferente, focada em chegar também a uma receita de R$ 1 bilhão anual até 2025 e um possível IPO mais na frente. Em 2020, a Sankhya captou R$ 425 milhões do fundo soberano de Singapura (GIC) e tem usado boa parte dos recursos em operações de M&A.

Em 2022, a Senior chegou a pedir um registro para fazer uma oferta pública, mas acabou engavetando o plano, dado o momento de baixa no mercado que veio ainda aquele ano.

Para o CEO, o plano do IPO segue vivo, mas não há motivo para ter pressa, e assim que uma janela mais favorável se apresentar na bolsa, ele pode ser reativado. “Com a janela aberta e favorável, vamos aproveitar o momento para capitalizar e crescer de forma massiva”, finaliza.