O Open Finance (ou Open Banking), modelo que prevê o compartilhamento de informações bancárias dos indivíduos em diferentes instituições, dentro da LGPD, é um dos tópicos mais quentes do segmento financeiro. Porém, na visão do consumidor, a animação não é tão grande assim. De acordo com uma pesquisa divulgada pela Mastercard, apenas 52% do público acredita que esta novidade trará benefícios aos seus serviços bancários.
A informação é da edição 2022 do estudo New Payments Index, realizado junto a 35 mil pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Apesar da maior parte do estudo abordar questões referentes às novas tecnologias de pagamento, a empresa aproveitou para ouvir dos usuários a opinião sobre a troca aberta de informações financeiras.
Entretanto, quando perguntada se a maioria dos usuários entrevistados tinham uma maior noção de como funciona o Open Banking ou as razões para 48% dos respondentes desconfiarem da tecnologia, o presidente da Mastercard Brasil, Estanislau Bassols, não deu maiores explicações. “A pesquisa não se aprofundou nesta questão”, afirmou.
A pergunta se torna ainda mais intrigante se compararmos com a facilidade em que o Pix foi aceito pelo consumidor brasileiro. Segundo dados do Banco Central no final de 2021, o meio de pagamento já superou o TED e o DOC, chegando a R$ 1 trilhão em valores movimentados e ficando só atrás dos cartões na preferência do consumidor.
No estudo divulgado pela Mastercard, 86% dos entrevistados apontaram que utilizaram meios de pagamento digital emergentes nos último ano. A empresa não deu informações específicas sobre o Pix, mas confirmou que este modelo entra na categoria de “emergentes”.
Apesar da reticência da Mastercard neste assunto, o dado traz uma questão importante sobre a transformação promovida pelo Open Banking e sobre como o público a está recebendo. Na parte dos players, a movimentação é intensa, mirando um mercado que segundo a Accenture deve movimentar US$ 416 bilhões nos próximos três anos.
Globalmente, players como a norte-americana Plaid (que já vale mais de US$ 13 bilhões) e a britânica TrueLayer são alguns dos nomes fortes na área do Open Banking. A própria Mastercard entrou nesse jogo ao adquirir a startup Finicity em 2020.
Na América Latina, especialmente Brasil, diversas plataformas vêm crescendo. Por aqui, as empresas com soluções em Open Banking e Open Finance incluem nomes como Belvo, Quanto, Pluggy, Klavi, Teddy, Celcoin e outras. A iniciativa do Open Finance no Brasil, capitaneada pelo Banco Central (BC), é uma das iniciativas mais ambiciosas do segmento no mundo todo.
Evolução em pagamentos
Quanto aos meios de pagamento, assunto principal da pesquisa da Mastercard, um ponto destacado pela empresa foi a postura favorável do público quanto aos pagamentos por cripto. Entre os participantes da pesquisa, 86% afirmaram que gostariam de ter funções relacionadas a criptomoedas disponibilizadas diretamente por sua instituição financeira atual e 72% preferem fazer pagamentos com moedas digitais se forem apoiadas por uma organização considerada confiável.
Outro dado trazido pela pesquisa – e que não é assim tão surpreendente – foi a escalada ainda mais acentuada dos pagamentos digitais, especialmente os por aproximação. No Brasil, 86% usaram pelo menos um método de pagamento digital no ano passado. “1 em cada 4 transações no Brasil já utilizam aproximação, um crescimento de 380% sobre 2020”, destacou Estanislau.
Na parte de segurança, os respondentes colocaram a biometria como a tecnologia de maior confiança. 81% dos entrevistados afirmaram que acham a verificação biométria mais segura do que um PIN, senha ou outros modelos de identificação. Aliás, de acordo com o estudo, a segurança de dados é um ponto de atenção para 79% dos entrevistados, com 52% dos respondentes afirmando que escolhem seu modelo de pagamento baseado em questões de proteção.