A Tooq Data Trading, startup de tecnologias para negociações em bolsa de valores, recebeu um aporte do fundo Smart Money Ventures para dobrar o faturamento até 2025 com ganho de escala e desenvolvimento de novos produtos. Com o investimento, a empresa passou a ser avaliada em R$ 55 milhões. O valor da rodada, no entanto, não foi divulgado.
A deep tech oferece soluções que permitem aumentar o desempenho das operações na bolsa, promovendo maior agilidade nas negociações, por exemplo. Entre os clientes da Tooq está a própria B3, a bolsa de valores brasileira. De acordo com a startup, apesar do crescimento da adesão das pessoas físicas na bolsa, a maior parte das compras e vendas na B3 são oriundas da atividade dos robôs.
Instituições como bancos, corretoras e fundos de investimentos utilizam esses robôs para conduzir as operações no mercado, utilizando algoritmos que executam um alto volume de ordens em um curto espaço de tempo. Essa atividade – chamada de High Frequency Trading ou HFT – e as firmas que a empregam são indispensáveis para manter a liquidez e atratividade do mercado e minimizar os riscos em eventos financeiros adversos.
“A Tooq Data Trading é um player importante para a B3, fornecendo produtos e serviços no colocation”, comentou Ana Beatriz Mattos, superintendente de Negociação da B3, acrescentando que o aporte realizado pela SMV é um “passo significativo e mostra o apetite por inovação da empresa, agregando ainda mais ao ecossistema tecnológico do mercado financeiro”.
Solução validada
A Smart Money Ventures investe em startups em estágio inicial de tração do negócio. Apesar de estar em estágio avançado no seu desenvolvimento, e ter inclusive atingido o breakeven no ano passado, a Tooq vinha investindo com recursos próprios até este momento. Para Fábio Póvoa, sócio da Smart Money Ventures, um dos pontos que chamaram a atenção para a startup foi o fato de já ter um nicho específico e ter uma dor validada no mercado.
“Ficou muito evidente que para os players desse mercado operarem e terem um diferencial explorando arbitragem, é preciso ter esse escopo de serviços de produtos oferecidos pela Tooq. Essa tecnologia movimenta o mercado de forma ágil, traz segurança e é perene, de alto potencial de atração de resultados no longo prazo”, explica o investidor.
Próximos passos
Além de dobrar o faturamento, a startup tem ambiciosos planos para o futuro. Com metade dos clientes fora do Brasil, a Tooq planeja começar um projeto de expansão internacional. “Temos parceiros que têm interesse em levar nossos produtos para fora através dos clientes deles. Mas não seria internacionalizar de fato, é expandir a rede ofertando lá fora os produtos. A gente é competitivo no cenário internacional, mas o mato no Brasil ainda está bem alto pra gente desenvolver antes de ir pra fora”, aponta Ronaldo Moura, CEO da Tooq Data Trading.
Everson Muhlmann, co-fundador e COO da Tooq, reforça que o objetivo de longo prazo é consolidar a posição da empresa como líder do segmento no Brasil. “Estamos nos preparando para um crescimento exponencial, aliando nossa expertise com as soluções que o mercado procura, oferecendo tecnologia de ponta”, diz.
A internacionalização, de fato, virá quando a Tooq tiver outras bolsas em seu portfólio, segundo os executivos. O principal interesse da startup é no mercado asiático, já que nos Estados Unidos, por exemplo, o mercado já está mais maduro. “Nós somos competitivos nos EUA, mas na Ásia a demanda é absurda, a gente olha com bons olhos para esse mercado”, afirma Ronaldo.