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Zoox Smart Data alcança breakeven e almeja IPO em 2025

Startup que administra dados de um terço da população brasileira quer crescer de forma sustentável, gerando caixa

Rafael de Albuquerque, CEO da Zoox Smart Data. Foto: Divulgação
Rafael de Albuquerque, CEO da Zoox Smart Data. Foto: Divulgação

Cada vez que uma pessoa se cadastra para acessar uma rede Wi-Fi de aeroportos, hotéis e restaurantes, entre outros estabelecimentos, essas informações alimentam bancos de dados como o da Zoox Smart Data. A startup administra hoje cadastros de um terço da população brasileira, e tem acesso a informações de todas as pessoas e empresas do país por meio do cruzamento com bases públicas, como a da Receita Federal e de redes sociais. Se é verdade o que dizem sobre os dados serem o novo petróleo, a companhia tem um verdadeiro tesouro em mãos.

Criada em 2010, após passar por algumas reformulações, a Zoox oferece esses dados para empresas que contratam o seu serviço de gestão de Wi-Fi e ajuda as companhias a usarem essas informações para melhorar seus serviços e “ultra personalizar” a experiência dos clientes. Com um crescimento médio de 50% ao ano, a empresa conseguiu alcançar o breakeven (equilíbrio entre receitas e despesas) no último trimestre de 2023 e vislumbra uma estreia na bolsa em 2025, como conta o CEO Rafael de Albuquerque, em entrevista exclusiva ao Startups.

A empresa fez a primeira rodada de investimentos em 2018, no valor de R$ 1,5 milhão, com projetos de expansão internacional. Em 2022, realizou a última captação, liderada pela Opus Capital, com valuation de US$ 165 milhões. Hoje, a startup está presente em 22 países e atende cerca de 1.600 empresas, como grandes varejistas, hospitais, aeroportos no Brasil e na Europa, empresas do mercado financeiro, entre outras. A Zoox também é patrocinadora e faz a gestão de dados de eventos como o Rio Open, Rock in Rio, The Town, Web Summit e outros.

“Agora não é um momento em que a gente está olhando para novas captações. Existem muitas conversas, mas estamos focando em crescer de forma sustentável, gerando caixa. Captação e IPO são ideias para daqui a 24 meses, a partir de 2025”, afirma Rafael.

Novo produto

No início de 2023, a empresa lançou a Zoox Eye, uma plataforma que combina os dados de clientes com análises de mercado e mais de 200 variáveis, permitindo que as empresas tenham uma visão completa de quem é o seu público e qual a melhor forma de atendê-lo. A companhia projeta que o faturamento desse produto no primeiro trimestre deste ano será equivalente a todo o faturamento da empresa durante os 12 meses de 2023.

“O que a gente aprendeu ao longo da história da Zoox: 90% dos clientes não tinham a menor ideia do que fazer com esses dados. Percebemos que tínhamos que ajudar as empresas a enriquecer a base de dados delas, e decidimos ajudar a incrementar com informações externas. Aqui a gente está plugado com os melhores bureaus de dados públicos e privados do Brasil, além de crawlers nossos que estão entendendo o comportamento de pessoas e empresas a todo momento”, explica Rafael.

Funciona da seguinte forma: ao se cadastrar em uma rede Wi-Fi de um hotel, por exemplo, o cliente informará dados como seu nome e CPF. Com base nessas informações, o sistema da Zoox fará um cruzamento com as suas bases e descobrirá qual o perfil desse cliente. Se é casado ou solteiro, onde mora, qual a renda mensal, e até mesmo algumas relações familiares.

“A gente foi criando várias plataformas para que o meu cliente saiba como a base de clientes dele se parece. Consigo saber idade, sexo, perfil. E aí ele consegue fazer a hipersegmentação para trabalhar, oferecer produtos, etc”, diz o CEO.

Cibersegurança

Mas se por um lado os dados são verdadeiros tesouros para as empresas, os riscos de lidar com esse tipo de informação também são altos. Além de auditar os clientes para garantir que as informações pessoais estão seguras e de que seu uso segue as normas da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), a Zoox também contrata uma auditoria independente para avaliar a segurança do próprio sistema.

“Nós temos hoje dados das maiores empresas do Brasil sendo confiados à gente. Temos uma área só de privacidade de dados olhando para isso o dia inteiro, e vendo como podemos ajudar os nossos clientes a fazerem isso da forma certa, a estarem de acordo com a LGPD, porque às vezes eles não sabem como fazer isso”, aponta Rafael.

O executivo também conta que os dados adquiridos pela Zoox por meio das redes Wi-Fi das empresas só podem ser utilizados pelas próprias companhias, e não são comercializados externamente. Ou seja, quem se cadastra no Wi-Fi de um aeroporto, como o RioGaleão, só compartilha os dados com o próprio RioGaleão. A startup não tem acesso ao histórico de navegação do usuário enquanto utiliza o Wi-Fi. “Isso já era proibido pelo Marco Legal da Internet, e pela LGPD então, nem se fala”, esclarece.