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Acesso a crédito e preconceito racial ainda são os maiores obstáculos que pretos e pardos enfrentam para empreender no país. É o que mostra a pesquisa Afroempreendedorismo Brasil feita em parceria pelo Movimento Black Money (MBM), Inventivos e RD Station. A coleta de dados foi feita em maio e contou com 701 respostas.

Como tornar seus negócios rentáveis (59,2%) e o desconhecimento de estratégias digitais (50,9%) estão entre os principais desafios de negócio indicados pelos participantes do levantamento. O Brasil tem 56% da população que se reconhece como preta ou parda e mais de 14 milhões de empreendedores negros e negras. Estamos falando de um mercado que movimenta quase R$ 1,7 trilhão por ano, segundo o IBGE e o Instituto Locomotiva.

Segundo a pesquisa, o afroempreededorismo é, em sua maioria, feminino, com empresas tocados por uma pessoa, fortemente ligado ao comércio, à comunicação e à indústria de cuidados. O ecossistema é composto majoritariamente por micro e pequenas empresas (63,2%), sendo o principal modelo de negócio o B2C (52,2%). As vendas para empresas (B2B) respondem apenas por 11%.

Quando perguntados sobre os ganhos, 48,6% dos participantes da pesquisa respondeu que ainda não faturou nada. A interpretação do MBM é que isso é consequência da informalidade.

Em um momento em que a transformação digital virou uma tema de ordem nas empresas, quem participou da pesquisa disse acreditar que a adoção de métodos de pagamento é o processo mais importante na digitalização dos negócios, seguido por softwares relacionados à área de  marketing.

Outro tema do momento, a nuvem nem aparece entre os segmentos mais buscados pelos afroempreendedores. “Saúde e estética” ficou como a categoria o principal, com 14,3% das respostas, seguido por e-commerce e varejo, ambos com 10,4%.

A pesquisa traz uma comparação com o Panorama PMEs, de 2020. No levantamento, que não tem recorte de raça, “software e cloud” apareceu como a área de maior interesse, com 15,5%.

Para Alan Soares, fundador e chefe de estratégia do MBM, o crédito solidário (em que uma pessoa leva mais de um avalista), cooperativas de crédito para afroempreendedores e linhas exclusivas do BNDES (ações afirmativas) são possíveis soluções para os obstáculos enfrentados. Mas a influência do racismo estrutural não para por aí. “A sociedade brasileira ainda não está disposta a admitir o preconceito existente e combatê-lo”, comenta.

 

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