fbpx
Compartilhe

Tradicionalmente, a gestora de Venture Capital (VC) norte-americana a16z publica um conjunto de ideias para o ano que está por vir. A análise inclui tendências em segmentos como consumer tech, bio/health, games, enterprise, cripto e, claro, fintechs — uma das principais teses do VC.

Para 2023, tendem a ganhar força, por exemplo, as plataformas e soluções de infraestrutura financeira com foco em empresas (business banking), seguindo a explosão de empresas nessa arena para atender a casos de uso de consumidores finais, como banking as a service (BaaS) e ferramentas de KYC (sigla em inglês para conheça seu cliente) e AML (prevenção à lavagem de dinheiro).

“Em 2023, esperamos ver mais empresas lidando com as camadas de infraestrutura necessárias para trazer o ‘business banking’ para a era digital (na maioria dos bancos, o proprietário da empresa ainda é obrigado a comparecer pessoalmente apenas para abrir uma conta!). Essas ferramentas de infra também irão acelerar mercados B2B e plataformas de software adicionando serviços financeiros para seus usuários de negócios”, escrevem Angela Strange, general partner, e Marc Andrusko, sócio da equipe de fintech da a16z.

Compliance

A gestora também aponta que o compliance será uma vantagem competitiva no universo das fintechs. Atualmente, apenas nos Estados Unidos, as empresas de serviços financeiros enfrentam mais de 50 mil regulamentações em dezenas de agências federais e estaduais.

Se compliance já é algo complexo para fintechs que operam em apenas uma região, imagine quem tem feito expansão para outros países. “À medida que mais empresas globais incorporam fintechs, aumenta a necessidade de compliance global e infraestrutura de risco”, destacam Angela e Joe Schmidt, sócio do time de fintech da gestora.

A complexidade também vai se tornando maior na medida em que as fintechs ganham musculatura e precisam obter novas licenças regulatórias. Um movimento que vem avançando no Brasil (basta ver as mudanças na regulamentação das instituições de pagamento, as IPs) e também é encarada pelo time da a16z como uma ‘big ideia’ para o ano que vem.

“Em 2023, esperamos que mais credores nativos digitais busquem licenças bancárias”, analisam Alex Immerman e Justin Kahl, sócio da a16z. “À medida que esses credores digitais procuram se tornar bancos, o que resta saber é como os reguladores responderão. Essa é sempre uma questão em aberto.”

Inteligência artificial e crédito

OpenAI, especialmente a interface ChatGPT — uma ferramenta que utiliza inteligência artificial e um modelo de linguagem treinado para produzir texto — vai conduzir um dos “mais interessantes” ciclos de novos produtos na indústria de serviços financeiros, na visão de Anish Acharya, general partner da a16z.

Para ele, a capacidade do ChatGPT de receber informações e fornecer uma experiência de aconselhamento quase humana muda bastante o processo de aprovação de crédito. O recurso, assim como serviços semelhantes, poderiam ser disponibilizados, por exemplo, para consumidores de maior risco (subprime).

“Essa tecnologia poderia atuar como um contrapeso para alguns dos fatores macroeconômicos negativos que atualmente afetam o crédito ao consumidor, como inflação, perda de emprego e contas de poupança esgotadas”, aponta o especialista.

Novos sistemas de IA, como Large Language Models (LLMs), podem automatizar tarefas manuais e com muitos dados, como processamento de sinistros de seguros ou originação de empréstimos. Casos de uso mais complexos, porém, exigirão certa confiança dos usuários, escreve Sumeet Singh, sócio da a16z.

“Ao lidar com, digamos, decisões de investimento totalmente automatizadas ou relatórios financeiros automáticos para empresas com fluxos de dinheiro complexos, as empresas precisarão equilibrar esses novos serviços e experiências com o potencial ceticismo dos clientes”, exemplifica.

A relação de ‘big ideas’ da a16z cita, ainda, oportunidades como infraestrutura de pagamentos na América Latina com o avanço de tecnologias de aproximação (NFC); ferramentas de gestão financeira; e o tão aguardado FedNow, o “Pix” dos EUA.

“Uma infraestrutura pública de pagamentos é um convite para criar novos casos de uso, recursos e funcionalidades de pagamentos em tempo real. Talvez agora possamos alcançar o resto do mundo?”, questiona o sócio da a16z, Santiago Rodriguez.

LEIA MAIS