Depois de colocar no ar sua conta digital (sobre a qual você leu 1º aqui no Startups), a Avenue quer completar a sua metamorfose de uma corretora em um banco completo em um prazo de 18 a 24 meses. Na lista de produtos que serão adicionados estão cartão de crédito, seguro, pagamentos e até a concessão de crédito.
“Os serviços financeiros americanos são violentamente mais avançados. E quando você o público brasileiro e conecta a esses produtos eficientes, com acesso direto, o negócio voa”, diz Beto Lee, fundador da Avenue.
A ideia, diz, não é ficar limitado ao público de alta renda como é a pegada da corretora atualmente. “O mercado endereçável de investimentos é menor. No mundo de banking, é mais amplo porque vai do milionário ao assalariado. O Brasil tem 220 milhões de desbancarizados globais. Como você dá acesso a essa globalização de verdade?”, diz.
Para Lee, essa abertura de acesso a serviços financeiros em nível global – algo que até agora estava restrito só aos muito ricos – é a próxima grande frente de disputa no segmento financeiro brasileiro.
E o cenário que se desenha parece ser esse mesmo. Hoje, por exemplo, o banco Inter anunciou a compra da USEND, fintech criada nos EUA pelo brasileiro que atua com transferência de recursos para fora do Brasil. A ideia é usar a companhia como base para replicar na terra do Tio Sam o modelo desenvolvido por aqui. Isso sem falar nas movimentações da Nomad, BS2, C6 e o que deve vir do lado de XP, BTG dos próprios bancos – e, até do Nubank. “A competição indo para o EUA zera o jogo. É um novo capítulo. Quem estiver mais arrumado, com fundações sólidas, fica. Quem está só na camada da frente sai do jogo”, diz.
Segundo Lee, ao longo dos próximos meses a companhia vai desenvolver as mecânicas dessas novas ofertas. Uma das questões a serem trabalhadas é como fazer a equivalência ou a “tradução” da documentação, do histórico e do risco de crédito de um brasileiro para o mercado americano. Para fazer isso, a própria Avenue terá que construir acordos e parcerias com instituições no país. Neste sentido, o logo da SoftBank, conquistado na rodada de série B anunciada no começo do mês será uma boa ajuda.
Hoje a Avenue tem 300 mil contas e US$ 1 bilhão sob gestão. Lee não abre projeções de crescimento. Perguntado se o plano prevê uma expansão para outros países da América Latina, ele disse que não. “O negócio tem que ser centrado no cliente e o contexto latino é muito diferente em cada uma de suas microrregiões”, avalia.