A BossaBox, que conecta profissionais freelancers de tecnologia a grandes empresas e startups, recebeu um aporte de US$ 1,5 milhão. A rodada foi liderada pela Astella Investimentos, com participação do fundo Redpoint eventures, que já investiam na companhia.
Criada em 2017, a companhia opera no modelo de squads-as-a-service, no qual monta equipes de tecnologia sob demanda para empresas que precisam criar produtos digitais. Os talentos atuam de forma autônoma e têm a oportunidade de desenvolver novas habilidades ao lado de um time de alta performance. Seus clientes incluem OMO, Gerdau, Hering e Housi.
Do dinheiro captado, 80% chega para expandir o quadro de funcionários. “Hoje, nosso maior gasto é com pessoas, e provavelmente sempre será”, diz André Abreu, cofundador e diretor-executivo da BossaBox. A startup dobrou o time no último ano, chegando a cerca de 40 colaboradores. Para 2022, a projeção é ter algo entre 80 e 100 funcionários.
Segundo André, além de reforçar os times de produto, tecnologia e vendas, a empresa está criando novas posições. “Vamos abrir frentes de pessoas que vão conduzir o relacionamento com os profissionais da nossa base”, diz o empreendedor. “Basicamente, montar um time especializado de recursos humanos e customer success para ajudar os freelancers a alcançarem voos mais altos em suas carreiras.”
A inspiração para o modelo é a healthtech Alice, que oferece um time de saúde para fazer o acompanhamento de toda a jornada e histórico do paciente. “Em tese, parece não ter relação, mas a ideia é semelhante. Os freelancers serão acompanhados por um time interno, alavancando suas carreiras enquanto trabalham nos projetos dos clientes. Uma forma de apoiar o desenvolvimento profissional dos talentos”, explica o executivo. O restante da captação será revertido em marketing e melhoras no produto.
Planejando a Série A
O aporte da BossaBox funciona como uma rodada bridge, entre o seed e a série A. O round anterior, concluído em novembro de 2020, levantou R$ 8 milhões, também liderado pela Astella. 1 ano antes, a startup recebeu R$ 1,6 milhão do Redpoint eventures.
“São parceiros que oferecem network de qualidade com potenciais clientes e novos investidores”, diz André. O executivo reconhece que a liderança da BossaBox, formada por ele, Giovanni Salvador e João Zanocelo (além dos sócios Eduardo Koller e Jessica Muniz), é bastante jovem. “Somos pessoas novas, sem muita experiência. Nunca toquei uma empresa desse tamanho”, afirma. Nesse cenário, os fundos são essenciais para ajudar os empreendedores a antecipar eventuais problemas.
A princípio, a série A deve acontecer no fim do ano. No entanto, caso isso não aconteça por conta do cenário macroeconômico, os planos de crescimento da BossaBox não serão afetados. “Todo mundo está tentando entender o que vai acontecer com o mercado de venture em 2022. Imagino que o cenário esteja imprevisível no 2º semestre por conta das eleições”, considera André.
Por isso, a startup se capitalizou mais do que precisava na rodada bridge. Se o ecossistema não estiver favorável para uma captação, a empresa diz ter caixa sobrando para aguardar o momento ideal.
“Caso a rodada fique para o ano que vem, não haverá estresse. Temos dinheiro suficiente para executar todos os planos e podemos esperar”, completa o executivo.
Para fora do país
A empresa tem algumas lições de casa para fazer antes da próxima captação, especialmente de validação de mercados. “A BossaBox vai expandir para outros países. Mas uma coisa é virar para o investidor e falar ‘quero internacionalizar a empresa’. Outra é chegar na mesa de negociação sabendo para onde vamos, qual é o plano, o potencial de negócio e será a operação”, explica André.
A internacionalização vai começar a ser estruturada na metade do próximo trimestre, primeiro com empresas de fora e depois com os talentos. O cofundador não revela para qual país a empresa vai expandir primeiro. Ele diz apenas que “com certeza vamos para regiões do mundo onde a moeda do lado da demanda do marketplace é mais forte do que do lado da oferta”.
Para planejar a expasão, parte dos novos colaboradores será formada por pessoas que já tem o know-how de como executar esse processo. Além disso, a companhia conta com o apoio do programa Scale-Up Endeavor, que acelera empresas brasileiras em crescimento. A turma mais recente, anunciada em março, inclui a BossaBox e mais 87 startups de diversos setores.
A empresa viu seu faturamento crescer 96% em 2021, assim como o percentual de novos clientes, que teve aumento de 67%. Agora, a BossaBox projeta triplicar o faturamento em 2022 e aumentar a base de clientes B2B em mais de 200%. O número de freelancers, hoje em torno de 24 mil pessoas cadastradas, deve crescer mais 50% até o fim do ano.