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“Odeio ler as pesquisas sobre a falta de mulheres na tecnologia”. Foi assim que Cynthia Zanoni, partner tech strategist na Microsoft e fundadora da ONG WoMakersCode, iniciou sua fala no Encontro Mulheres na Tecnologia da Microsoft, evento realizado na quinta-feira (23). “As pessoas falavam de ‘descobrir como era o mercado’, mas eu não precisava fazer isso, porque vim dele. Todos os dias na minha carreira fui a primeira – ou a única – mulher em um andar inteiramente masculino.”

Reconhecida pela Mozilla Foundation como uma das mulheres técnicas mais influentes da América Latina (2016), a executiva ingressou no time da Microsoft há cerca de 6 anos. Uma época em que, segundo conta, a companhia já tinha acelerado sua transformação cultural e buscava se aproximar das comunidades e aliar-se a pautas de diversidade e inclusão.

“A Microsoft tem feito cada vez mais um trabalho de consciência. Hoje as empresas já sabem que há um problema [de desigualdade de gênero no setor de tecnologia] e a importância do discurso de diversidade e inclusão. Agora, temos que levar isso para a prática, pois só assim o cenário vai mudar”, pontua Cynthia.

Ela destaca os programas de capacitação da companhia – os mais recentes são o ElasnaIA e SecurityGirls, voltados para a formação de profissionais em fundamentos de nuvem e inteligência artigicial, e cibersegurança, respectivamente. Segundo Cynthia, a capacitação é importante, mas deve vir acompanhada de um foco em empregabilidade. “Não adianta abrir um curso que vai ensinar o básico de programação sem mostrar que existe um próximo passo, e que para as alunas evoluírem, elas precisam entrar no mercado”, afirma.

Segundo a executiva, a companhia conecta alunas que participaram dos cursos com empresas em busca de talentos. “Saímos do discurso de só falar que diversidade e inclusão importa para ir até as empresas parceiras e dizer que, se elas querem contratar, precisam entrar conosco nessa jornada”, diz Cynthia.

A influenciadora e UX/UI designer Nina Talks, que também estava no evento da Microsoft, ressalta que a pauta da empregabilidade se torna ainda mais urgente com a forte demanda por talentos de tecnologia. Apenas no Brasil, serão necessários cerca de 420 mil novos profissionais de TI até 2024, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação.

“A conta não fecha. Ao mesmo tempo que ouvimos falar das oportunidades e de como o mercado está aquecido com o aumento da busca de talentos, as mulheres seguem sem espaço nas empresas”, observa Nina. “As empresas estão enlouquecidas procurando profissionais, então precisam ajudar a capacitar pessoas que estão querendo entrar no mercado”, completa.

Importância da comunidade

Além de Cynthia e Nina, o Encontro Mulheres na Tecnologia recebeu Danielle Monteiro, digital cloud solution architect na Microsoft; Cléo Almeida, community manager na Reprograma; Mariana Carvalho, cofundadora da Brazilians in Tech; Glaucia Lemos, cloud advocate na Microsoft; e Solange Feliciano, conselheira da WoMakersCode. Em unanimidade, elas destacam a importância das mulheres do setor se unirem em comunidades.

“As mulheres em tecnologia passam por muitas dificuldades, como necessidade de provar a qualidade do trabalho, baixa autoestima e a falta de reconhecimento e oportunidade. As comunidades transformam o mercado em algo mais diverso e dá a possibilidade de as pessoas crescerem juntas, gerando troca de experiências, conhecimento e união para impactar umas às outras”, pontua Cléo.

Mariana complementa que as redes de apoio podem trazer novos insights profissionais, a partir das trocas sobre o trabalho e a carreira. “Achar a minha comunidade foi muito importante para eu não desistir. O conselho para quem quer entrar na área é esse: ache o seu nicho, a sua tribo e nutra esses relacionamentos”, conclui.

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