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A Flourish FI, fundada na Califórnia pelo brasileiro Pedro Moura e pela norte-americana Jessica Eting, aposta em uma solução que une gamificação, ciência comportamental e dados do Open Finance para incentivar hábitos financeiros positivos entre os clientes de instituições financeiras — principalmente bancos de médio porte e fintechs.

De três projetos iniciais — com o Opportunify Fund, nos EUA, o BancoSol, na Bolívia, e o Sicoob no Brasil —, a fintech passou para mais de 10 instituições com as quais já desenvolveu iniciativas. Na lista estão as brasileiras Qista (antiga Focus Financeira) e HerMoney; o Banco Económico, na Bolívia; Banco Solidario, no Equador; e os norte-americanos Tricolor e Commonwealth.

“Estamos para anunciar mais dois clientes no Brasil, que já foram assinados. São bancos de médio porte, com boa escala de clientes”, diz Pedro Moura, cofundador e CEO da Flourish, sem revelar os nomes. “Por mais que tenhamos criado equipes no Brasil, continuamos tendo novos clientes em outros países na América Latina. Vamos ter agora o primeiro cliente na Costa Rica”, exemplifica.

O empreendedor explica que a empresa passou de pilotos para receita recorrente em sua plataforma no modelo SaaS, assim como criou cases em diferentes países e fechou parcerias importantes, como a firmada com a Mastercard. “Enquanto o primeiro investimento foi para produto, teste e integração, agora vamos investir em marketing e sales, e trabalhar os unit economics, mostrar que os clientes estão satisfeitos e que ‘azeitamos’ o ciclo de vendas”, afirma Pedro.

Para isso, a Flourish está fechando uma nova rodada de captação, com intenção de levantar entre R$ 8 milhões e R$ 20 milhões. Por questões contratuais, o empreendedor ainda não pode dar detalhes do investimento, mas dá uma pista: “nossos investidores atuais continuam nos apoiando”. O objetivo é anunciar a captação em breve.

Seria o segundo cheque recebido pela fintech, que captou um primeiro investimento de US$ 1,5 milhão em março do ano passado em rodada liderada pelo fundo de venture capital Canary e acompanhada por Xochi Ventures, First Check Ventures, GV Angels e Magma Partners. Participaram, ainda, investidores-anjo como Brian Requarth (fundador da VivaReal e agora do Latitud), Rodrigo Xavier (ex-presidente do Bank of America e UBS Pactual) e Beth Stelluto (ex-VP da Charles Schwab).

“Engajamento as a service”

Fundada em 2018, a Flourish começou com um aplicativo para ajudar jovens norte-americanos com educação financeira, o Flourish Savings App. Dois anos depois, o negócio pivotou para uma plataforma modular de inteligência, lealdade e engajamento para instituições financeiras, no modelo SaaS e low-code. O objetivo continua sendo empoderar as pessoas a terem melhores hábitos financeiros.

“Temos um módulo de engajamento, que a instituição financeira consegue integrar funcionalidades em questão de dias, podendo dar cashback, fazer integração com gift cards e fazer desafios para os usuários”, conta Pedro. “Outro módulo é o de saúde financeira, com pílulas de conhecimento para os usuários no formato de um jogo de perguntas e respostas. Agora estamos desenvolvendo para ter acesso de leitura e insights com integração de dados do Open Finance.”

A Flourish também vem fechando parcerias e alianças importantes. A principal é com a Mastercard, em diferentes frentes. Em julho, a fintech foi uma das oito vencedoras de “grants” do Strive Community Innovation Fund, um fundo de inovação da bandeira que disponibilizará até US$ 1 milhão entre as startups escolhidas para o desenvolvimento de soluções digitais que permitam o crescimento de pequenos negócios.

Como parte da iniciativa, a Flourish está levando sua tecnologia para apoiar a digitalização de 500 mil microempresas em favelas de todo o Brasil, num projeto realizado em parceria com Mastercard, Aliança Empreendedora e Central Única das Favelas (CUFA). “Também somos parceiros oficiais para distribuir nossa tecnologia para instituições financeiras e fintechs da rede Mastercard”, diz Pedro.

Recentemente, a fintech também foi selecionada para participar de dois programas de aceleração — o Next, realizado pela Fenasbac, e o boostLAB, do BTG Pactual. “Já estão vindo parcerias importantes e clientes”, conta o empreendedor, sem revelar detalhes sobre os novos acordos.

Mercado

Outras fintechs começam a explorar soluções gamificadas para instituições financeiras. Uma delas é a InvestPlay, cujo pilar é o desenvolvimento de um app de educação e gestão financeira, no modelo PFM (contamos a história deles aqui). Quem também se aproximava desse modelo era a Olivia, comprada no fim do ano passado pelo Nubank.

Fora do Brasil, há alguns players que buscam explorar o potencial dos dados do Open Finance. Uma delas é a Personetics, que tem acordo globalmente com o Santander e no início deste ano abriu escritório no Brasil. Outro exemplo é a norte-americana nCino, que tem como clientes instituições como Barclays e Wells Fargo, conforme mostra seu site.

“Estamos nos posicionando como um player agnóstico, com uma plataforma low e ‘no code’”, diz Pedro, da Flourish.

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