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Seguindo à risca a cartilha de expansão da SoftBank, a Gabriel, startup que está construindo uma rede privada de câmeras de monitoramento para ajudar no combate à violência no Brasil, partiu para a sua 1ª aquisição e incorporou a Retina Vision. Com o movimento a startup abre uma nova frente de atuação, a prevenção do crime – e também a temporada de aquisições.

Criada por 3 estudantes da USP, a Retina desenvolveu um sistema de visão computacional – um ramo da inteligência artificial que ajuda computadores a “enxergarem” – que lê placas de carros e permite verificar em tempo real as características do veículo e se ele tem status de roubado ou furtado. Com isso, ao ser incorporada às câmeras da Gabriel, a tecnologia vai permitir que a companhia acione a Polícia caso um carro em situação irregular seja detectado. “Eles desenvolveram um algoritmo voltado para placas do Mercosul e um modelo bem leve que roda bem nos nossos equipamentos [desenvolvidos na plataforma Raspberry Pi]”, explica Erick Coser, cofundador e presidente da Gabriel.  

Prevenção ao crime

Até agora, a companhia só conseguia atuar no apoio a investigações feitas pela Polícia fornecendo imagens captadas pelos seus equipamentos. Nos últimos 12 meses, a startup colaborou em 380 ocorrências que resultaram na prisão de 43 pessoas e na declaração de inocências de uma pessoa duas pessoas.

A companhia tem 2,2 mil câmeras instaladas nas cidades do Rio e de São Paulo – sendo um terço dos endereços na capital paulista, onde começou a atuar em setembro/21. A ideia é expandir a atuação em mais bairros das duas cidades ao longo de 2022.

De acordo com Erick Coser, o novo recurso será liberado gratuitamente para a atual base de clientes da companhia como uma forma de agregar valor ao serviço e ajudar no ganho de novos usuários e ampliação da cobertura. Segundo o fundador, 50% dos novos clientes hoje vêm de indicação orgânica. Como é preciso fazer a atualização presencial de cada equipamento, a expectativa é terminar o processo até o fim do 1º semestre.

De acordo com Erick, depois das placas de carros, a Gabriel pretende desenvolver novas funcionalidades que ajudem na prevenção ao crime. “É como uma Alexa que você acrescentando novas habilidades”, brinca.

Nascida em 2018, a Retina tinha passado pela Oxigênio Aceleradora, da Porto Seguro, e vinha atuando com a seguradora em uma iniciativa de recuperação de carros roubadas.  

Com o acqui-hire, que também envolveu um pagamento em dinheiro por propriedade intelectual desenvolvida pela companhia, a Retina deixa de existir como empresa e seus fundadores passam a integrar a equipe de desenvolvimento de tecnologia da Gabriel. São 6 pessoas só na área de visão computacional.

“A gente decidiu verticalizar tudo, ter tecnologia dentro de casa ao invés de usar de terceiros. Estrategicamente é mais interessante e também é uma barreira de entrada para novos competidores”, explica Erick.

Temporada de aquisições

De acordo com ele, a companhia está de olho em mais aquisições que possam trazer equipes e tecnologias complementares à sua oferta. “Estamos ativamente procurando mais aquisições. É parte da nossa estratégia”, diz.

Caixa é o que não falta. Em outubro a startup levantou uma série A de R$ 66 milhões liderada pela SoftBank. A Gabriel é a perfeita representação da estratégia de investimento do grupo japonês, que tem buscado o uso de inteligência artificial como principal impulsionador para suas apostas.

Modelo de operação da Gabriel

Fundada em 2020, por Otávio Miranda, Erick Coser e Sérgio Andrade, a Gabriel tinha como ideia inicial oferecer um software que integrasse imagens de câmeras já instaladas pelas ruas das cidades. O conceito parecia promissor já que a base é grande. Mas havia um problema: nem todas essas câmeras funcionam direito e, em boa parte dos casos, são “espantalhos apontados para as ruas”.

A solução então foi desenvolver o próprio hardware. Foi assim que nasceu o camaleão, um setup com duas câmeras de alta resolução com ângulo de captura de imagens de 180º. Os equipamentos são instalados em prédios residenciais e comerciais alugados no modelo de hardware como serviço (HaaS). Eles são monitorados 24 horas a partir de uma central que usa inteligência artificial para análise das imagens. Todo o conteúdo fica disponível na nuvem, acessível por um aplicativo e é armazenado por um prazo de 6 meses.

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