A startup de antecipação de recebíveis Monkey Exchange levantou uma rodada de série A de US$ 6 milhões que teve como co-lideres o fundo de corporate venture capital do Itaú, gerido pela Kinea Private Equity, e a Quona Capital (que já investiu no Neon e na Creditas).
Os assinantes do Startups já tinham lido, em primeira mão, em setembro/20, que a Kinea tinha montado uma área de venture capital. Na época, ainda não estava muito claro como seria a atuação da gestora – se por meio de um fundo para chamar de seu, ou por um veículo específico para seu principal acionista. Agora se sabe que a segunda opção é a resposta. O braço de venture capital da Kinea é tocado por Philippe Schlumpf.
“Eles estão com a cabeça bem aberta lá dentro. A documentação é padrão de venture capital americano, a governança foi construída com pegada de venture capital. E eles são colíderes na rodada, algo que private equity nunca aceitaria”, diz Gustavo Müller, cofundador e presidente da Monkey.
Segundo ele, a aproximação com a Kinea veio de um amigo que sabia da movimentação da gestora e fez a apresentação em meados do ano passado, quando a fintech começou a pensar em sua série A.
A rodada
A Monkey tem como alvo grandes clientes. A ideia é, por meio dessas grandes contas atingir um grande contingente de companhias sem um esforço comercial tão pesado. Com seus 50 clientes – com nomes como Gerdau, Petrobras, Arauco e Intercement – a fintech tem acesso a quase 250 mil empresas.
Müller diz que a companhia vinha em uma proposta de se manter com recursos próprios até o início da pandemia. Em meio a todos os acontecimentos, a companhia mudou o plano de verticalização de suas operações, com especialização em algumas verticais, para uma abordagem de diversificação de portfólio, buscando empresas que apresentassem mais resiliência em meio ao cenário global – como o agronegócio, varejo de alimentos e construção civil. “Foi um movimento bem executado. Conseguimos converter esses clientes rápido. A Covid fez com que as empresas entendessem melhor o produto de antecipação de recebíveis para ajudar fornecedores, fluxo de caixa.”, diz.
O enxugamento no crédito que afetou pequenas e médias empresas por conta dos temores com a pandemia fez com os grandes se tornassem financiadores de suas cadeias para mantê-las vivas ao longo de 2020, o que aumentou o interesse pela antecipação de recebíveis. A XP, por exemplo, comprou a Antecipa para ampliar sua atuação nesse mundo.
Com a aceleração na demanda, a Monkey conseguiu atingir o break even. Por isso, diz Müller, os recursos da rodada serão usados exclusivamente para investimentos. Na lista, estão o reforço na expansão para a América Latina iniciada em 2020 e o desenvolvimento de novos produtos. “Podemos trabalhar no contas a receber, não só no a pagar. Na relação com fornecedores estrangeiros, créditos não-performados. Tem uma gama de áreas correlatas ao que fazemos que podemos incluir aproveitando as relações que já temos”, diz Müller.
Volume transacionado
Em 2020 a Monkey chegou a R$ 8 bilhões em recursos transacionados. Foi um crescimento de 8x em relação a 2019, mas ainda um pouco abaixo do número projetado para o ano antes da pandemia, que era de R$ 10 bilhões.
De acordo com Müller, o que aconteceu foi que alguns projetos atrasaram e acabaram entrando só em janeiro. Na medição anualizada contando o primeiro mês de 2021, o total de créditos ficou entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões. Até o fim do ano, a fintech é ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões.
Até 2023 a meta é chegar a um total de R$ 100 bilhões, com uma receita de R$ 100 milhões.
A Monkey foi criada em 2016 por Müller, Bruno Oliveira (COO) e Felipe Adorno (CTO). A equipe que hoje tem 40 pessoas – no começo de 2020 eram 14 – chegará a 80 no fim de 2021.
Antes da atual rodada a Monkey tinha captado US$ 1,5 milhão em duas rodadas. Na lista de investidores estão Wayra Brasil, Parallax Ventures, Marcelo Maisonnave, João Carlos Zani, Roberto Dagnoni, Reinaldo Rabelo e Pedro Englert. Nenhum deles acompanhou o aporte atual.