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A Sproutfi, startup de soluções para investidores aplicarem seu dinheiro nos EUA, acabou de fazer uma grande manobra para impulsionar seu nome neste mercado. A empresa comprou a carteira da corretora Passfolio, um dos nomes mais conhecidos do ramo, atrás apenas da Avenue. Os termos do negócio não foram divulgados.

Contanto, com a injeção na carteira – algo representando algo em torno de 200 mil contas e US$ 100 milhões em ativos sob custódia – o plano da fintech é fazer diferente para crescer. Ela quer ganhar seu espaço atraindo a grande parte do público que ainda está buscando alternativas para investir, especialmente os mais jovens e os que buscam se educar no mercado de investimentos.

Mas afinal de contas, como que isso veio a acontecer? Há um ano, a Passfolio ainda tinha planos grandes para o Brasil, que representava a maior parte dos valores movimentados pela companhia. Segundo dados divulgados pela companhia ao Startups em outubro de 2021,  dos US$ 410 milhões em operações no seu aplicativo, US$ 360 milhões eram de brasileiros, com 130 mil das 150 mil contas abertas sendo tupiniquins.

“A Passfolio foi o nome que chegou (no Brasil) e abriu o mercado para este tipo de investimento, não apenas no Brasil”, afirma Ruben Guerrero, um dos fundadores e CEO da Sproutfi, em entrevista ao Startups.

Contudo, conforme avalia Ruben, o cenário de volatilidade e incerteza econômica se traduziu em um ambiente fértil para consolidação, e a companhia resolveu colocar a mão no bolso para uma dose de crescimento não-orgânico, apenas 7 meses depois de iniciar suas operações no Brasil.

“Temos obtido um bom crescimento orgânico mês a mês. A aquisição nos dará um impulso significativo”, aponta o executivo, frisando que os recursos vieram do caixa da empresa, que até hoje captou modestos US$ 7 milhões em aportes. Porém, a grana vem de nomes com gabarito, como a Y Combinator, que participou da rodada seed que a startup fechou em setembro do ano passado.

Ruben Guerrero e Tyler Richie, co-fundadores da Sproutfi. Crédito da imagem MARCUS STEINMEYER (2)-min
Ruben Guerrero e Tyler Richie, co-fundadores da Sproutfi. Crédito: Marcus Steinmeyer

Segundo destacou a empresa em nota, todas as ações e ETFs serão transferidos de “maneira simples e transparente”. Os ativos contidos nos produtos PassCard, PassEarn e Cripto não serão migrados. “O custodiante ainda será o mesmo de antes, a Drivewealth LLC. As novas negociações desses ativos serão feitas agora dentro da nossa plataforma”, afirmou a companhia no comunicado.

Fazendo diferente

Por mais que fosse um nome bastante conhecido entre os familiares com o mercado, a Passfolio ainda ocupava um 2º lugar distante em comparação com sua principal concorrente, a Avenue, hoje uma startup que tem por trás o investimento do Itaú. O banco comprou em julho passado 50,1% da corretora, em um negócio de R$ 493 milhões. Segundo dados divulgados na época do negócio, a Avenue conta com uma base de aproximadamente 500 mil contas e 230 mil usuários ativos.

Apesar de não abrir números absolutos da base de usuários da Sproutfi, Ruben revela que não está tão preocupado em bater de frente com a concorrente mais famosa. Segundo o executivo, a empresa quer ir além da corretagem, se posicionando como uma plataforma de gestão de riqueza, conforme se autodenomina a startup.

“Desde o começo, nosso público é diferente da Avenue, que tem investidores mais afluentes e mais familizarizados com o mercado. Buscamos fazer algo diferente, atraindo investidores mais jovens e entregando um ambiente em que ele se sinta confiante para aplicar”, explica o CEO.

Na visão de Ruben, hoje o número de pessoas que investem (não apenas no exterior, mas em geral) na América Latina ainda é muito pequeno perto do potencial que o mercado reserva, e é nesse direção que a empresa foca seus esforços. “Temos um país inteiro de investidores que ainda não está sendo servido da forma certa para querer fazer isso”, afirma.

Serviços e social

Para ir além de ser uma plataforma de investimentos e chamar investidores iniciantes, a Sproutfi pretende investir em serviços diferenciados, misturando a oferta de investimentos com capacidades sociais e educacionais. “O investidor mais jovem é social. Vemos muita interação entre os usuários acontecendo dentro do app. Eles aprendem com contexto, tudo no aplicativo”, pontua o executivo.

Com base nesta postura mais social, o plano da companhia é agregar mais produtos nos próximos meses, inclusive para engajar a recém-adquirida base vinda da Passfolio. “Vamos incluir funcionalidades como o de consultor digital e de investimento em cripto. Estamos ouvindo nossos clientes e adaptando”, completa Ruben.

A empresa também está preparando o seu serviço de conta e cartão digital internacional, uma oferta em linha com outro player concorrente no país: a Nomad, que entrou este ano no segmento de investimentos e deve também passar a oferecer opções de crédito em moeda internacional.

Perguntado sobre a possibilidade de firmar parceria com alguma instituição financeira grande do país, a fim de impulsionar a estratégia da Sproutfi, Ruben não fecha a porta, mas afirmou que não é algo que está na mesa no momento. “Estamos focando nas necessidades dos clientes agora”, dispara.

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