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Aqui no Startups já falamos há algum tempo de como as ferramentas de inteligência artificial (ou AI, na sigla em inglês), estão cada vez mais fazendo trabalhos que antes eram tarefas para os humanos. A fintech Virgo, especializada em soluções tecnológicas para o mercado de capitais, é a mais nova adepta à tal inovação: ela criou um robô para automatizar a captação de recursos – um “banqueiro digital”, por assim dizer.

Chamada de Adam, a ferramenta foi colocada no ar em dezembro e, depois de meses de machine learning utilizando a base já existente de dados e playbooks da Virgo, já saiu trabalhando: assinou seu primeiro primeiro mandato e colocou mais de 38 propostas para captação de recursos por empresas de médio porte que atuam em território nacional e projetos imobiliários, de infraestrutura e energia também de médio porte.

Atualmente, a solução de AI está atuando somente na primeira etapa de captação de recursos dentro da plataforma da fintech, que é a de originação de propostas. Para isso, a companhia montou um processo baseado em dados e árvores de decisão que permitem à empresa ou projeto interessado em captar recursos ter acesso a uma proposta completa e aderente às condições de mercado.

As outras etapas, ainda sob responsabilidade dos consultores da Virgo, são a da alocação dos recursos, estruturação dos investimentos e depois a de monitoramento das operações e riscos – esta última realizada em uma plataforma à parte das outras três.

Segundo explica o CEO da Virgo, Daniel Magalhães, este primeiro módulo (em que Adam atua) é baseado em diferentes motores de análise e verificação que processam milhares de balanços de empresas de capital aberto e fechado, assim como os projetos e garantias já analisados dentro da solução da companhia.

“Este estudo faz o emparelhamento da posição relativa das empresas e projetos interessados, comparando-os com os dados acumulados pela Virgo, e utiliza uma base com o histórico de transações do mercado de crédito estruturado desde 2012 para precificar o custo e as garantias necessárias para a transação. Além disso, o Adam realiza comparações analíticas sobre o valor das potenciais garantias e capacidade de pagamento dos projetos e empresas a serem financiados”, diz.

Daniel Magalhães, CEO da Virgo
Daniel Magalhães, CEO da Virgo (Crédito: Divulgação)

Para chegar a este resultado, a empresa operou seus primeiros anos de um jeito mais tradicional, atendendo seus clientes de forma basicamente analógica, montando dentro da plataforma os playbooks e árvores de decisão que hoje integram a inteligência de sua AI.

“Foram três anos testando, acertando e errando no modelo analógico, para hoje ter a base que permite ao Adam entender padrões e fazer a automação”, afirma Daniel. Segundo ele, atualmente, o robô já consegue processar de forma autônoma cerca de 40% das demandas. “Agora o desafio é entender o que, dentro destes 60% restantes, é passível de automação”, frisa o CEO.

De acordo com a empresa, até o momento a recepção da nova solução tem sido positiva, aumentando em 30% a conversão de novas propostas, e reduzindo de 7 para 2 dias o tempo de resposta para uma demanda. “Ele (Adam) consegue processar em tempo real, mas cada proposta ainda passa pela aprovação de um humano de nosso time”, explica Daniel.

Ganhando escala

Por ainda ser uma solução nova, Adam ainda está em aprendizado, mas a expectativa é que sua assertividade aumente ao longo do tempo. Inclusive, Daniel pontua que mais playbooks e caminhos para a árvore de decisão do robô devem ser adicionados em breve.

Em suma, na visão da Virgo, o foco é o de possibilitar à companhia dar escala e rapidez de resposta aos pedidos de empresas que querem acessar capitais pela sua plataforma, sem deixar de lado a precisão. “Foi um caminho para tornar o acesso a capital mais barato e menos trabalhoso, mas também diminuir a percepção de risco para investidores para projetos de menor porte ou um tanto fora do radar”, afirma o executivo.

Segundo explica Daniel, a implementação do Adam é parte de um movimento que a empresa começou no ano passado, quando intensificou seus investimentos em tecnologia e dados para colocar as capacidades consultivas dentro de sua plataforma. “Para isso, era necessário ter dados, tecnologia e processos sólidos”, avalia. Hoje a empresa conta com cerca de 130 pessoas, 30% deste número na área de tecnologia.

Além disso, no ano passado a companhia buscou no mercado um novo CTO. Edson Lopes, ex-Itaú e Banco Pan, chegou na empresa para acelerar o desenvolvimento de ferramentas de integração e análise de dados, além de aprimorar soluções de monitoramento de riscos de crédito e garantias.

Com o ganho de volume trazido pelo Adam, a Virgo quer chegar perto do R$ 1,5 bilhão em valores contratados, um crescimento de 50% em relação ao ano passado. Deste montante, a expectativa é que 80% das análises de oportunidades já tenham sido geradas via inteligência artificial.

“Em 2023 estamos equilibrando internamente o jogo entre expertise de negócio e inovação. Claro que isso traz um tradeoff, especialmente no relacionamento, e por isso investimos também em uma área de CX para endereçar este desafio”, finaliza o CEO.

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