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A favela é uma grande startup brasileira. A frase é de ninguém menos que Edu Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões, ecossistema de desenvolvimento social que atua para acelerar o poder de impacto de líderes de favelas e periferias em todo o país. “A favela fez o Pelé, o Neymar, a caipirinha, o samba, o carnaval e tantas outras coisas grandes deste país”, pontua.

Em conversa exclusiva com o Startups, realizada durante o Startups Fever deste ano, Edu falou sobre os projetos de transformação social da Gerando Falcões e o potencial das favelas como gerador de renda e inovações. “Há um milhão de oportunidades em favelas para construção de negócios, geração de renda e vigor econômico para o Brasil. A sociedade precisa conectar as APIs de negócios com as APIs das favelas, e juntar essas plataformas para ampliar a renda”, afirma.

Para isso, é necessário derrubar muros e construir pontes. Recentemente, a Gerando Falcões lançou a Favela 3D, projeto que visa interromper o ciclo da pobreza e transformar as favelas em ambientes Dignos, Digitais e Desenvolvidos. “Combina política pública e tecnologia social, transformando favelas que estavam abandonadas com a Favela dos Sonhos, com infraestrutura, urbanismo social, instrumentos públicos e transformação humana”, explica Edu.

Ele ressalta que a Favela 3D reduziu o analfabetismo e zerou as filas em creches, e diminuiu o desemprego de 70% para menos de 5%. “O Brasil tem mais de 17 milhões de favelados e quase 14 mil favelas. Isso é uma potência de oportunidade. Temos que reinventar o nome e o significado de favela para mostrar que não é algo ruim. Entender isso como um lugar de futuro e de oportunidades para o país em arte, design, inovação, criatividade, comunicação e tecnologia.”

Como o ecossistema se conecta a esta grande favela do Brasil? Segundo Edu, uma das grandes iniciativas da Favela 3D tem sido feita em parceria com startups, inclusive na parte de última milha das entregas logísticas e implementação do CEP digital. “Temos feito muita inovação social trabalhando em ecossistema, trazendo as startups do Brasil que têm soluções que foram construídas e pensadas para a população pobre para criar renda e prosperidade”, afirma.

Tecnologia como protagonista

A Gerando Falcões têm reforçado seus investimentos em tecnologia para fomentar seus projetos de transformação social, com ferramentas que impulsionam a digitalização e facilitam o uso de dados para tomada de decisões. De acordo com Edu, a tecnologia é fundamental para que a instituição alcance seus objetivos e leve mais dignidade para a população das periferias.

“A missão da Gerando Falcões é transformar a pobreza da favela em uma peça de museu antes de Marte ser colonizado. Mas há muita pobreza e muitas favelas no Brasil, então não dá para fazer isso sem escala, inovação social e tecnologia. A tecnologia é um habilitador para o grande ecossistema que temos de líderes sociais brilharem e tirarem muita gente da pobreza”, explica.

Além da Favela 3D, o empreendedor destaca projetos como o CEP Digital e serviços de telemedicina. Em conversa com o Startups realizada em novembro, o gerente de data & analytics da Gerando Falcões, Cristian Amaya, citou uma parceria com a AWS (Amazon Web Services) para expandir a capacidade de armazenamento e estrutura de dados na nuvem da instituição, além de plataformas como Conecta Trampo, onde empresas podem cadastrar vagas de emprego e ofertá-las exclusivamente para as pessoas das comunidades, e o Gerando Educação, com cerca de 5 mil conteúdos didáticos que auxiliam no desenvolvimento humano, social e profissional.

“O Brasil tem que olhar para a favela como uma das grandes oportunidades da década para inverter a lógica social de desigualdade e criar uma lógica de prosperidade para todo mundo. E, assim, fazer de um território que antes era abandonado, um farol de esperança para o país”, conclui Edu Lyra.

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