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É natural que, em determinados momentos da economia, alguns setores se tornem mais atraentes do que outros. Atualmente, o mercado de inteligência artificial, impulsionado pelo sucesso do ChatGPT, tem chamado a atenção não apenas de grandes corporações, mas também de startups criando soluções disruptivas para adentrar este mercado.

Investir no setor aquecido já é estratégia conhecida. Mas segundo Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé e managing partner da Headline, é interessante que os fundos e gestoras olhem para propostas e modelos “fora do consenso”. “Normalmente, as boas teses estão justamente onde ninguém quer tocar, então é importante também olhar para o não-consenso”, disse durante painel no Startups Fever, evento promovido pela Conta Simples e o Startups na última quinta-feira (3).

Como exemplo, ele cita a Olist, plataforma que ajuda marcas e lojistas a digitalizar seus negócios por meio de e-commerce e venda em marketplaces. “Em 2016, ninguém queria chegar perto do comércio eletrônico, porque estava todo mundo na ressaca dos e-commerces verticais.” Alguns anos depois, o modelo da startup já era tão atrativo que ela chegou ao status de unicórnio no fim de 2021, após captar uma série E de US$ 186 milhões.

“Em 2016 também houve uma propagação de bancos digitais. Nós decidimos ir por outro caminho, investindo em infraestrutura para pagamento, a Pismo”, disse. E a techfin brasileira que desenvolve soluções e serviços bancários para bancos digitais e instituições financeiras acaba de ser comprada pela Visa por US$ 1 bilhão.

“No momento em que não há muito dinheiro sendo colocado em certa tese, um cheque menor pode fazer uma grande diferença. Tem setores super sexy hoje em dia, que terão excelentes investimentos, mas também temos que olhar setores hoje não tão atrativos como oportunidade. Se você for capaz de capturar investimento neste momento em um mercado com pouca atração dos VCs, provavelmente terá muito espaço para crescer sem concorrência”, avaliou.

Pedro Waengertner, cofundador e CEO da ACE, atenta que, na conjuntura atual, empresas early-stage têm tido uma maior preocupação com as próximas rodadas. “Agora estamos nesse período de ressaca, pagando o preço com os downrounds e questões de colaboradores. Mas acredito que tudo isso é passageiro, e o que tenho visto no early-stage é que tem surgido muita coisa interessante nos mais diferentes setores. Temos que manter a mente aberta para reconhecer boas oportunidades de negócio antes da moda”, disse.

André Maciel, fundador da Volpe Capital, reconhece boas oportunidades no mercado de climatech, com diversos fundos internacionais de olho no setor. “Temos que estudar muito bem o setor, pois temos um valor natural neste mercado pela extensão do nosso país. Se fosse lançar uma empresa hoje, seria em clima”, destacou.

Fabiana Fagundes, sócia do FM/Derraik, traz uma visão semelhante. “Quem vai trabalhar com tecnologia em setores em que existe um super déficit, como saúde, educação, clima e IA, é muito difícil perder o jogo. Mas é claro que tem que executar direito, ter as mentorias apropriadas e ser acelerado por pessoas experientes. Quem vai ganhar o jogo é o empreendedor esperto que sabe utilizar os recursos que tem à disposição”, pontua. Isso inclui não apenas dinheiro, mas também parceiros e pessoas de confiança para trocar conhecimentos e experiências.

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