SVWC

"O contexto do mercado nos força a ser melhor", diz CEO da BHub

Conjuntura econômica exige que startups invistam naquilo que trará mais eficiência e sustentabilidade para o negócio

Jorge Vargas Neto, fundador e CEO da BHub
Foto: Startups

A conjuntura econômica atual exige que startups em todo o mundo invistam naquilo que trará mais eficiência e sustentabilidade para o negócio. Esse movimento contribui para que as companhias não apenas garantam a longevidade da operação, mas também explorem ao máximo seu potencial, apesar de todas as incertezas do mercado.

“O contexto do mercado, do inverno de venture capital, nos força a executar melhor o negócio e os processos, então estamos muito melhor hoje do que estávamos antes”, afirma Jorge Vargas Neto, fundador e CEO da BHub, startup que oferece serviços de BPO financeiro, contabilidade e paralegal para empresas. O executivo falou sobre a trajetória da BHub e as perspectivas do mercado durante o SVWC, evento da StartSe sobre inovação, tecnologia, transformação digital e empreendedorismo, em um bate-papo com o nosso editor-chefe, Gustavo Brigatto.

É claro que com investidores no quadro societário a pressão de se sair bem fica ainda maior. No caso da BHub, a startup tem nomes de peso como Moore Capital, Endeavor Scale-Up Ventures, Monashees, Valor, Norte, QED Investors, entre outros. “Temos investidores muito bons, pessoas que um dia sonhamos em captar estão conosco. O que é muito positivo, mas também aumenta o nível de pressão e cobrança – o que também nos faz executar melhor os negócios”, diz o executivo.

A startup encerrou 2021 com um cheque de R$ 116 milhões na sua série A e, no ano seguinte, colocou mais gasolina no tanque com uma extensão de R$ 40 milhões. Jorge reconhece que o dinheiro não era, por si só, uma necessidade para manter a empresa viva, mas sim um movimento estratégico para se fortalecer. “Capital traz a segurança, dá o combustível para investirmos no que precisamos e ultrapassar os concorrentes. Além disso, dá o conforto para atrair talentos e clientes”, pontua.

Mesmo com o caixa cheio, o executivo afirma manter um posicionamento conservador, investindo no que é necessário para o negócio, e não queimando dinheiro à toa. “Captamos muito, mas investimos no que importa”, destaca. O momento atual da BHub, com o nível de maturidade do negócio e interesse dos investidores, é novidade até para um empreendedor de longa data como Jorge. “Já tinha criado outras duas empresas, mas vendi. Ainda não tinha chegado nesse patamar de startup”, analisa.

Para ele, é importante que os empreendedores, especialmente em momentos de maiores incertezas macroeconômicas, entendam a diferença entre ser resiliente e ter cabeça dura. “É preciso encarar a brutalidade da realidade. Tive que vender minhas primeiras startups porque vi que realmente não teria como continuar. Fiz exits ao longo da minha jornada, mas aos trancos e barrancos.”

Apesar das dificuldades – as naturais do empreendedorismo e as trazidas pela conjuntura atual – o executivo considera o empreendedorismo sua maior realização. “Empreender é difícil, mas não tem nada que traga minimamente o prazer a realização de construir algo, colocar no mercado, ter gente usando seu produto e impactar a vida de outras pessoas”, afirma.

Com olhar otimista, ele compara o momento atual com a crise dos anos 2000. “A crise durou entre 18 e 24 meses, mas o momento mais complicado durou cerca de 1 ano. Depois, o mercado começou a avançar e houve uma recuperação, ainda que com desafios. O que temos hoje é uma volta das rodadas e dos investimentos, ainda que em múltiplos piores do que em 2021, mas está voltando. Sou otimista e acredito que estamos começando a sair do pior, e que o 2º semestre de 2024 será um momento muito mais positivo”, conclui.