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A Carta tem vivido dias turbulentos desde o último fim de semana. Já falamos ontem (8), mas a startup de soluções para gestão de captable para fundadores e investidores está em meio à uma onda de denúncias que está abalando a sua credibilidade. Contudo, em uma tentativa de “apagar o incêndio”, a startup do Vale do Silício resolveu agir rápido, desativando as funcionalidades de mercado secundário em sua plataforma.

O cofundador e CEO da Carta, Henry Ward, postou em sua conta no Medium na noite desta segunda: “Como temos os dados, se estivermos negociando secundários, as pessoas sempre se preocuparão com o fato de estarmos usando os dados, mesmo que não estejamos. Por isso decidimos priorizar a confiança e sair do negócio de comércio secundário.”

Em um tom humilde comparado às recentes discussões que ele teve com fundadores que reclamaram da empresa nas redes sociais, o CEO da Carta chegou a admitir que suas ideias de criar um veículo para dar liquidez aos usuários não funcionaram.

“A Carta pode não ser a empresa capaz de resolver esse problema. Muitas pessoas pensam que estamos mais bem preparados para resolver a liquidez porque temos dados de tabelas de capitalização. Mas esse mesmo argumento é usado para produtos de dados. As pessoas dizem ‘Você tem todos os dados, então deveria tirar o Pitchbook do mercado!’ Mas é precisamente porque temos os dados que não podemos usá-los. São os dados dos nossos clientes, não nossos. É por isso que em dez anos a Carta nunca lançou um produto de dados. Eu uso o Pitchbook e o TechCrunch quando pesquiso uma empresa antes de conhecer o CEO”, afirma Henry.

Salve-se quem puder!

Para analistas, a medida drástica da startup é uma manobra de emergência para salvar a reputação da empresa, que surgiu como uma plataforma de gestão de captable, mas tinha como um de seus principais planos de monetização criar um mercado secundário onde fundadores e investidores pudessem negociar cotas em startups – uma espécie de bolsa privada para negócios ainda não listados oficialmente.

A plataforma de negociação, criada em 2021 e chamada CartaX, tornou a startup mais conhecida no mercado (e aos olhos dos investidores) nos últimos anos, porém agora ela tomou um baque pesado com a denúncia de Karri Saarinen, fundador da startup finlandesa Linear.

Na última sexta, Karri postou no LinkedIn que a Carta estava usando informações sobre a base de investidores de sua empresa para tentar vender suas ações a compradores externos sem o conhecimento ou consentimento da empresa.

Em sua postagem, Henry minimizou os impactos do fim do mercado secundário na Carta, dizendo que a receita derivada desta frente é minúscula em comparação com outros produtos da startup. De acordo com o CEO, o negócio de gestão de captable da Carta “é de cerca de US$ 250 milhões/ano, a administração de fundos é de cerca de US$ 100 milhões, o gestão de private equity é de cerca de US$ 20 milhões e o negócio de comércio secundário é de cerca de US$ 3 milhões”.

Contudo, para analistas como Sim Desai, fundador da startup de serviços financeiros Hiive, mesmo que a aparente quebra de confiança tenha sido respondida de forma rápida, a Carta enfrenta outro conflito a partir de agora. “Mesmo que não utilizem as informações confidenciais dos seus clientes, é a ótica de uma potencial violação que irá atrapalhar”, explicou o empresário em seu LinkedIn.

Agora resta saber como a mudança impactará a própria avaliação da Carta, assim como se a empresa se manterá firme quando o mercado de startups se recuperar – junto com a demanda por ações secundárias.

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