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Desde a saída de Marcelo Claure do SoftBank no começo do ano passado, o mercado ficou esperando um novo movimento do executivo, que foi um dos homens de confiança de Masayoshi Son enquanto estava na gestora. Pois bem, agora Claure fez o tal movimento, lançando a gestora de growth equity Bycicle Capital.

O anúncio chega exatamente na data em que expira a cláusula de non-compete assinada por Claure ao sair do SoftBank. Com o fim da condição, que não permitia que o executivo criasse um fundo de investimentos na América Latina, o executivo não perdeu tempo.

Com foco na América Latina, a gestora lançou seu fundo inaugural (Bycicle I) com um valor projetado de US$ 500 milhões, e investimentos âncoras do Claure Group (firma de privaty equity do executivo), Family Office de Marcelo Claure e Mubadala Investment Group, fundo soberano sediado em Abu Dhabi que está colocando US$ 200 milhões no fundo.

Apesar do valor esperado ser de US$ 500 milhões, a gestora já sai com boa parte de seu capital levantado – cerca de US$ 440 milhões. Deste total, US$ 40 milhões vêm de nomes conhecidos: também entraram no bolo o fundador do Nubank, David Vélez, e um dos fundadores do BTG, André Esteves.

Por falar em BTG, o fundo também será distribuído a investidores credenciados no Brasil por meio da plataforma de produtos de investimento do BTG Pactual, algo nos moldes do que a Headline, de Romero Rodrigues, fez com a XP para captar seus recursos.

Além de Claure, o outro sócio diretor da Bycicle Capital é o executivo Shu Nyatta, também ex-SoftBank, que trabalhou com Claure na criação e gestão dos fundos do banco de investimento japonês para a América Latina.

A Bycicle deveria contar ainda com a participação de outro ex-SoftBank na sociedade: Paulo Passoni. No entanto, ele acabou não entrando na empreitada por divergência em relação ao comando da operação. O Startups apurou que a gestora teve dificuldades de captar dinheiro com investidores externos, o que a levou a ser constituída basicamente com recursos do próprio Claure e do Mubadala – que entrou por conta do relacionamento com o executivo. Por ter trazido a maior parte da grana, o executivo teria também mais direitos sobre ela. Ao que tudo indica, Passoni não gostou desse acordo e preferiu não fazer parte do negócio.

Tese da bicicleta

Segundo destacou a empresa em comunicado, o foco da Bycicle é em startups latinas, especialmente no Brasil, México e Colômbia. No entanto, também poderá investir oportunamente em empresas líderes globais em estágio de crescimento que tenham negócios significativos na América Latina.

“A América Latina tem uma combinação única de excelentes empreendedores, uma população muito receptiva à tecnologia e mais oportunidades de negócios do que capital disponível. Por meio da Bicycle Capital, estou ansioso para investir não apenas nosso capital, mas também minha experiência e conexões para alterar positivamente a trajetória de muitas empresas da região”, afirma Claure, em nota.

Trânsito na América Latina é o que Claure tem de sobra. Braço direito de Masayoshi Son enquanto estava no SoftBank, Claure foi a figura central do SoftBank Latin America Fund, maior fundo criado para a região, com US$ 5 bilhões em investimentos, aportando em empresas como VTEX, Rappi, Creditas, entre outras. Ele também esteve à frente da criação do Latin America Fund II, lançado no fim de 2021, alguns meses antes de sua saída.

Por falar em investimentos, antes de lançar a nova gestora, Claure chegou a fazer ondas no mercado no começo do ano, quando aportou US$ 100 milhões na varejista chinesa Shein, apoiando nos planos de expansão da companhia no Brasil e América Latina.

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