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Depois de dois anos de uma desaceleração dos investimentos no mercado de venture capital, a sensação para a virada de ano é de mais otimismo na hora de captar dinheiro. Pelo menos, é o que indica o The LatAm Tech Report 2023, estudo realizado pela Latitud que explora tendências, oportunidades e desafios para startups na América Latina. O levantamento levou em consideração as respostas de mais de 100 fundadores e investidores da região, além de entrevistas aprofundadas com dezenas deles para chegar aos insights presentes no relatório. O Startups é um dos parceiros da iniciativa e teve acesso exclusivo aos resultados.

A pesquisa revela um otimismo crescente em relação ao ambiente de captação de recursos. Quase 78% dos fundadores entrevistados disseram acreditar em uma melhora nesse processo no próximo ano; 17,8% acreditam que o cenário será semelhante ao de 2023 e apenas 4,4% preveem uma piora no mercado. Entre os investidores, a perspectiva é ainda mais positiva. Quase 89% antecipam uma melhora; 11,1% uma continuidade ao que temos em 2023 e nenhum cita um cenário de piora.

“Houve um boom de fundraising em 2020 e 2021, que foi completamente surreal. Já os anos de 2022 e 2023 nos permitiram analisar o que era ilusão e o que estava realmente funcionando”, afirma Luisa Dalla Costa, Investment Associate na Latitud, em conversa com o Startups. Em termos de perspectivas para 2024, ela destaca um “otimismo conservador”. “Não será um ano de boom no mercado, com ritmo mais devagar, porque as coisas seguem nebulosas. Ainda assim, acredito que o mercado se abrirá um pouco mais, com maior tomada de risco por parte dos investidores, mas ainda com muito conservadorismo”, pontua.

De acordo com a pesquisa, a América Latina está no meio de sua jornada de maturidade de mercado. “A região está no meio do caminho entre o incipiente e o maduro. Isto é um reflexo de uma combinação de setores que já passaram por anos de adoção digital (como fintech e comércio eletrônico); estão em processo de digitalização (logística, proptech, edtech, healthtech); e ainda estão no início dessa jornada em comparação com os mercados dos EUA/Europa (tecnologia climática)”, descreve o relatório.

Os principais entraves para que a América Latina alcance uma maior maturidade são a educação de clientes e a criação de hábitos digitais (especialmente quando se fala em pequenas e médias empresas) e a falta de capital – principalmente na fase de expansão do negócio (growth). Fundadores e investidores citam também a ausência de grandes eventos de liquidez que possam servir de exemplo para outros fundadores e a necessidade de desenvolver aplicações de inteligência artificial.

Falando em IA, a maioria das startups (63,22%) afirma estar usando IA de alguma forma em seus negócios, e nenhuma delas planeja desistir desse investimento. Do lado dos investidores, a maioria (87,5%) diz já ter visto empresas do seu portfólio adotarem inteligência artificial.

O futuro do SaaS

A América Latina foi e continuará a ser a região de crescimento mais rápido para a indústria de computação em nuvem quando se olha para o contexto pandêmico e pós-pandêmico (2021-2026), de acordo com informações da Ebanx apresentadas no relatório da Latitud. “O SaaS (Software as a Service) é um modelo que vem se provando muito bem. Estamos começando a ver um crescimento grande e uma consolidação forte na América Latina, principalmente com a necessidade de digitalização das empresas”, afirma Luisa.

Como benefícios deste modelo, a executiva destaca a combinação de altas margens com o baixo custo marginal e receita previsível e recorrente. “É um modelo que traz margens muito altas, o que é bom nos olhos dos investidores. Além disso, permite ter uma receita recorrente de longo prazo e normalmente oferece mensalidades não muito altas, o que gera uma baixa barreira de entrada para novos clientes”, diz Luisa. Ela cita também a oportunidade de upsell e vendas cruzadas e uma maior diversidade de exits possíveis. “Na América Latina, muitas vezes o investidor espera pelo IPO para ter uma liquidez no investimento. No caso do SaaS, temos visto vários M&As, então é um modelo que permite ter outros tipos de saída além do IPO”, diz Luisa.

O relatório chama atenção para o fato de muitos unicórnios latinos nos segmentos fintech, bem-estar e e-commerce adotarem modelos de negócio baseados em SaaS. É o caso da Clara, Nuvemshop, Gympass, VTEX, unico, Dock, Pismo e Olist. “Os dados provam que o mercado de SaaS também sofreu uma queda no volume de capital investido em 2023, no entanto, menos do que outros segmentos do mercado. Isso prova o tamanho do apetite por esse tipo de solução”, ressalta Luisa.

Dados encomendados com a LAVCA mostram que 2023 foi o ano de categorias como ERPs, CRMs e outros softwares empresariais, com um aumento de participação do SaaS no volume total investido na América Latina. No acumulado de 2023, o investimento em SaaS cresceu 33,1% em relação a 2022, enquanto o mercado geral de startups retraiu 65,2%.

Em relação às tendências atuais e de curto prazo, o relatório cita a busca por softwares para atender às demandas do trabalho híbrido, como a Arquivei, Deskbee e GOintegro. Outra demanda é a eliminação de softwares redundantes nas empresas e soluções que atendam pequenas e médias empresas na busca por digitalização, como é o caso de Conta Azul, Olist e Omie.

A Latitud aponta para as aplicações da inteligência artificial no setor em curto, médio e longo prazo, com cada vez mais aplicações voltadas para a eficiência para as próprias startups e também para seus clientes. “A IA de fato ajuda as startups de SaaS a se tornarem mais eficientes, melhorando desde a experiência do cliente até o desenvolvimento de software. Isto pode ser levar a novas ofertas de produtos com a expansão da IA ​​generativa – modelos que podem ser treinados para ir além dos dados anteriores e realmente gerar novos dados”, descreve o relatório.

o estudo completo está disponível para ser baixado no site da Latitud.

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