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Conseguir novos aportes vai ficando mais difícil à medida que a startup alcança estágios mais maduros. Os dados são da pesquisa LAVCA Trends, relativa ao primeiro semestre de 2024, que mostra que apenas uma em cada dez startups do estágio Seed conseguem chegar à Série A. Já para a Série B, essa proporção cai ainda mais, para uma em cada 30 empresas.

Os números foram apresentados por Carlos Ramos de la Vega, diretor de Venture Capital da Associação de Investimento em Capital Privado na América Latina (LAVCA), durante painel realizado nesta terça-feira (20) em parceria com o Silicon Valley Bank (SVB).

O webinar contou com a participação de Jimena Pardo (Hi Ventures), Rodrigo Baer (Upload Ventures), Rafa de Haro (Cometa) e Carlos Kokron (Qualcomm Ventures), além de Andy Tsao, managing director e head de Global Gateway no SVB, e Nicolas Toro, head de Latam Markets do SBV.

Para Rodrigo Baer, a dificuldade de algumas startups avançarem do Seed para a Série A pode estar relacionada ao momento de euforia vivido pelo mercado entre 2019 e 2021, quando muitos investimentos foram feitos sem o cuidado necessário. Carlos Kokron complementa: “Alguns desses deals não deveriam ter acontecido, então o que existe agora também é um ajuste”.

No entanto, Rafa de Haro destaca que muitas startups precisaram se tornar financeiramente mais sustentáveis durante o período de seca do venture capital e hoje estão lucrativas, de modo que não precisam mais captar novas rodadas, o que também explicaria esses números.

Os investidores também debateram sobre o cenário atual do venture capital, que consideram parte de um ciclo. Nos Estados Unidos, Andy Tsao pontuou que o mercado aguarda os cortes nas taxas de juros, além do resultado das eleições presidenciais, o que trará mais previsibilidade. Segundo ele, o sentimento é bullish (de otimismo) no médio a longo prazo.

Falta de exits

Já na América Latina, Rodrigo afirma que “a festa não vai voltar tão rápido”. Ele brinca que os ciclos de pico acontecem a cada 20 anos, de modo que o próximo momento de euforia deve acontecer somente em meados de 2041. Assim como antecipado ao Startups em fevereiro, Rodrigo acredita que o mercado depende de mais exits para conseguir se aquecer novamente.

“Não vai melhorar para a Série A enquanto os fundos não conseguirem captar, enquanto não houver mais saídas, mais IPOs. Só que, para ter saídas, é preciso haver comprador. E não existem tantas companhias na América Latina que podem assinar um cheque bilionário para adquirir uma startup. Por isso que mais da metade do portfólio precisa competir globalmente”, diz.

Carlos Kokron afirma que, para os empreendedores, o momento deve ser de disciplina. Apesar da seca a partir de 2022, o investidor afirma que, quando se observa o mercado de inovação no longo prazo, é possível ver que a trajetória é de crescimento.

“Os anos de 2019, 2020 e 2021 foram anormais, mas ajudaram a trazer mais visibilidade para essa classe de ativos. Há dez anos atrás eu nunca imaginei que chegaríamos nos números que temos hoje. O mercado ainda está se corrigindo e vai continuar, mas acho que estamos em um lugar muito saudável”, avalia.

“IA será maior que a internet”

Para o investidor, a inteligência artificial é um fator a ser observado. “O mercado está obcecado com IA, achamos que será maior que internet, que foi a última grande onda. Há grandes desafios e oportunidades, todos querem se colocar como uma empresa de IA. Mas temos sido cautelosos”, diz.

Managing partner na Hi Ventures, uma gestora de VC que lançou recentemente um fundo de IA, Jimena Pardo defende que, não importa em que parte do mundo a startup for criada, ela precisará usar inteligência artificial se quiser se tornar relevante.

“Na América Latina nós podemos não estar produzindo modelos fundamentais de IA, mas temos proposições únicas muito valiosas para a camada de aplicação. A quantidade de soluções que poderão ser criadas será incrível nos próximos anos”, aponta.

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