fbpx
Compartilhe

Os impactos do atual cenário adverso ultrapassaram as fronteiras das startups e empresas de tecnologia e já atingem partes da cadeia do setor. Depois de escritórios de advocacia que cortaram seus quadros nos EUA por conta da queda no volume de aportes e fusões e aquisições, o Silicon Valley Bank, um dos ícones do Vale do Silício e dos serviços financeiros voltados a empresas de base tecnológica, está sentindo os efeitos da turbulência. Segundo apurou o Startups, a situação pode afetar startups em todo o mundo e algumas companhias e investidores já começaram a se movimentar em busca de alternativas. 

As ações do Silicon Valley Financial Group, entidade que controla o banco, caíram 60% no dia de hoje, tirando US$ 10 bilhões de valor de mercado da instituição. O tombo aconteceu depois do anúncio de uma captação de US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. Os recursos virão de uma oferta pública de ações de US$ 1,25 bilhões, de um aporte de US$ 500 milhões feito pela gestora General Atlantic e de outros US$ 500 milhões que serão distribuídos em uma oferta privada. Junto com a queda das ações, a empresa de análise de risco Moody´s anunciou o rebaixamento a nota de crédito do SVB.  O medo é que o banco se torne insolvente caso haja uma corrida para saques.

“Embora o venture capital tenha acompanhado nossas expectativas, o consumo de caixa do cliente permaneceu elevado e aumentou ainda mais em fevereiro, resultando em depósitos mais baixos do que o previsto”, disse o CEO do Silicon Valley Bank, Greg Becker, em carta aos investidores divulgada pela Reuters. “Estamos tomando essas ações [de reforço do balanço] porque esperamos uma manutenção na elevação dos juros, mercados públicos e privados pressionados e altos níveis de queima de caixa dos nossos clientes”, completou o executivo. 

As notícias geraram certo pânico em investidores e startups brasileiros. Talvez porque brasileiros tenham algumas más lembranças de bancos quebrando, ou governos confiscando dinheiro de correntistas. Ao longo do dia, o Startups ouviu de diversas pessoas do mercado que a orientação tem sido a de tirar dinheiro do banco o mais rápido possível. “Não dá para arriscar o caixa das investidas, né?”, disse um gestor. Eles precisam de uma capitalização de emergência. Não tem porque correr risco. Pode não dar nada. Mas vai que dá”, afirmou outra pessoa. 

Histórico

O SVB foi fundado em 1983, nos primórdios do mercado de venture capital global, e desde então tem sido uma das principais alternativas de serviços financeiros para startups. O banco atua com startups da América Latina desde 2012 oferecendo serviços como conta bancária, transações internacionais, cartão, empréstimos, entre outros. Até o ano passado o relacionamento dessas empresas com a instituição era responsabilidade da brasileira Júlia Figueiredo, que agora está no fundo Partners for Growth.

Startups que recebem aportes de fundos estrangeiros precisam ter estruturas jurídicas e financeira fora do Brasil para receber os recursos. É o famoso sanduíche, um formato que envolve a empresa no Brasil, uma empresa em Cayman e uma entidade em Delaware (EUA). O Startups apurou que o Silicon Valley Bank é a única instituição que permite a abertura de uma conta diretamente da empresa em Cayman, o que simplifica a estrutura e atrai fundos e startups. Isso, somado à marca e a confiança criada ao longo das últimas décadas o tornou o principal nome do mercado.  

Mas a hegemonia vem sofrendo abalo. Grandes bancos como Itaú BBA, BTG e JP Morgan – que tem participação no banco C6 – já estão de braços abertos para receber recursos das startups (apesar de a burocracia e das altas taxas ainda serem um grande empecilho). A Remessa Online também tem seu Remessa for Startups. A Kamino também oferece serviços financeiros para startups e a Trace Finance até colocou no ar uma landing page com a sugestiva provocação: “Procurando por uma alternativa ao SVB? A Conta Global da Trace é a solução!”. “Nós da Trace Finance já ajudamos startups latinoamericanas a transacionar alguns bilhões em câmbio. Hoje estamos lançando oficialmente nossa lista de espera para nossa alternativa ao SVB (Silicon Valley Bank, que caiu 40% hoje), para bancarizar estruturas Off Shore Cayman e Delaware nos EUA, segue o link”, enviou a companhia ao mercado.

O Startups apurou que a Latitud vem, ao longo dos últimos 9 meses, trabalhando em uma oferta de conta offshore para servir as companhias da América Latina. Além da conta, a nova estrutura vai oferecer serviços de câmbio, informaram pessoas com conhecimento dos planos de Brian Requarth, Gina, Yuri e companhia. Uma landing page também já tem buscado captar interessados no novo produto.

LEIA MAIS