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A uma semana da segunda edição do Web Summit no Rio de Janeiro, Paddy Cosgrave anuncia que está de volta à cadeira de CEO do evento. A decisão se deu pouco menos de seis meses após o seu afastamento, que ocorreu no fim de outubro, às vésperas da edição 2023 do evento em Portugal.

O anúncio foi feito pelo próprio Paddy em sua conta do X, confirmando seu retorno depois de, segundo ele, a primeira vez em que ele tirou uma folga de seu cargo em cerca de 15 anos. “Isso me deu tempo de pensar no Web Summit, sua trajetória, as razões de ter começado ele por conta própria e onde quero chegar”, afirmou.

Em seu comunicado de retorno, Paddy não entrou em detalhes sobre a polêmica que teve no ano passado ao criticar o governo israelense sobre sua ofensiva em Gaza contra o Hamas, e preferiu manter o discurso em torno da conferência de tecnologia.

“Aproveitei para me reconectar com velhos amigos do Web Summit e ouvi o que eles tinham a dizer e o que queriam do evento. Alguns avanços tecnológicos incríveis, relacionamentos, parcerias e empresas cresceram a partir de nossos eventos e quero continuar desenvolvendo isso. Na verdade, quero turbinar ainda mais esta missão para construir comunidades ainda mais fortes dentro do Web Summit”, destacou Paddy no comunicado.

Na época da sua saída, Paddy foi substituído pela executiva norte-americana Katherine Maher, que foi o “rosto” da edição passada em Lisboa, mas que não ficou muito tempo, saindo em janeiro para liderar a rádio pública ianque NPR.

Com a cadeira novamente vaga, e a queda de popularidade do governo israelense frente à opinião pública mundial em função dos ataques em Gaza, o cenário ficou mais favorável para um retorno do irlandêa ao evento que ele criou. Aliás, em reposta ao anúncio da volta de Paddy à cadeira de CEO, diversos nomes do cenário tecnológico o parabenizaram. “Bem-vindo de volta. Feliz em ver você retornar ao comando”, escreveu X Meredith Whittaker, CEO da Signal e uma das convidadas do Web Summit Rio.

Relembre a treta

Para quem não lembra, a saída de Paddy foi um reflexo de fortes declarações que ele fez em relação a Israel, criticando a posição do país em sua estratégia defesa contra os ataques terroristas do Hamas e supostas denúncias que o exército israelense estaria usando cargas de fósforo branco em ataques, uma prática que viola as leis internacionais de guerra. Em seu perfil no X, o então CEO do Web Summit disse na época que “crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados”.

Entretanto, ao emitir um posicionamento sobre o conflito atualmente em curso entre Israel e o Hamas, acabou provocando a reação do mercado de tecnologia e até mesmo do governo israelense. O posicionamento teve resposta imediata. O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, retirou a participação das empresas israelenses da edição 2023.

No lado dos investidores, também houve respostas. Garry Tan (Y Combinator) e Ravi Gupta (Sequoia Capital) cancelaram suas idas. Outros nomes como Alex Rampell (partner da capital de risco Andreessen Horowitz), Ori Goshen (co-CEO na AI21Labs), Keith Peiris (CEO da Tome), David Marcus (CEO da Lightspark e antigo CEO da PayPal) e Adam Singolda (da Taboola), também repudiaram o comentário de Paddy e cancelaram suas participações.

Em resposta ao boicote, Paddy inicialmente manteve sua posição. “Repetindo: crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados e devem ser denunciados pelo que são. Não vou ceder”. Entretanto, nos dias seguintes, vendo o aumento da pressão e saída de grandes marcas do Web Summit Lisboa, ele tentou voltar atrás com um pedido de desculpas, mas não deu muito certo, o que obrigou o Web Summit a trocar de comando, pelo menos para mitigar os impactos sobre a edição 2023 em Portugal.

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