Negócios

Ânima Educação monta fundo de R$ 150 mi para investir em startups

Fundo Ânima Ventures vai aplicar recursos em companhias em estágio seed e series A, além de funcionar como venture builder

Mulher olhando com uma luneta para o horizonte com edifícios - Startups

A Ânima Educação é a mais nova empresa a colocar de pé um fundo de investimento em startups. O CVC da companhia, o Ânima Ventures, vai aplicar R$ 150 milhões (cerca de US$ 30 milhões) em companhias em estágio inicial (seed) e também em negócios mais estruturados (série A). O tamanho dos cheques vai variar de US$ 250 mil a US$ 1 milhão por fatias minorítárias – entre 10% e 30%, dependendo da negociação e do interesse do grupo. “Já vinhamos fazendo alguns movimentos como o os investiemtnos na Medroom, na Gama Academy e o Learning Village [hub de inovação instalado na Vila Madalena, em São Paulo]. Estamos maduros para dar esse passo”, disse ao Startups, Reynaldo Gama, presidente da HSM e da SingularityU Brazil, que ficará responsável pelo fundo.

Os cofundadores da Ânima, Daniel Castanho, Marcelo Bueno e Maurício Escobar vão participar do comitê de investimentos criado para avaliar os investimentos. A Valetec (que toca o fundo de CVC da Locaweb) será a gestora responsável pelo fundo – que foi estruturado como um FIP. De acordo com Reynaldo, os primeiros investimentos devem ser anunciados em breve. “Temos 35 empresas no Learning Village. Então já temos um dealflow”, disse.

Além dos aportes, o fundo vai atuar como uma venture builder, ou seja construindo novos negócios do zero. “Temos algumas teses para as quais não encontramos nenhuma startup. Por isso vamos buscar pessoas inquietas, que talvez já tenham feito um negócio anterior e estejam procurando um novo desafio, para serem sócios com a gente”, disse Daniel. A ideia é destinar cerca de um terço dos recursos do Ânima Ventures (cerca de R$ 50 milhões) para fomentar as iniciativas criadas dentro de casa.

Foto de Reynaldo Gama, presidente da HSM, da SingularityU Brazil, e responsável pelo  nima Ventures - Startups
Reynaldo Gama, presidente da HSM, da SingularityU Brazil, e responsável pelo Ânima Ventures

Tese do Ânima Ventures

De acordo com Reynaldo, o objetivo é ter um olhar transversal, ou seja, não investir apenas em startups da área de educação. Estão no radar healthtechs, fintechs, startups que olhem realidade virtual, metaverso, e qualquer outra tecnologia que se conecte com o ecossistema da Ânima. O grupo tem hoje 27 instituições e mais de 330 mil alunos.

O olhar também será global, podendo incluir aportes em companhias na América Latina, EUA, Europa e outros mercados emergentes.

Para o executivo, fazer negócio com a Ânima Educação não deveria ser um fator de risco para as startups no sentido de fechar portas com outros grupos concorrentes. Segundo ele, o fato de os investimentos serem feitos com participação minoritária deixam essa porta aberta. “Queremos que a startup escale. Não queremos travar o empreendedor. Queremos retorno financeiro e estratégico”, pontuou.

“Febre” de CVCs

O CVC da Ânima Educação é o 4º anunciado por uma empresa de capital aberto nos últimos 6 meses. Além da Locaweb, Totvs e B3 também apresentaram suas estruturas recentemente. Na avaliação de Reynaldo, mais dinheiro das empresas significa mais dinheiro disponível para apoetes, mas também é um sinal de amadurecimento e deve trazer bons efeitos para o mercado. “Um CVC traz uma visão de avaliação mais rigorosa, que faz mais conta, estuda mais, abaixa a euforia”, diz.

Um levantamento da Bain Innovation Exchange (BIE), braço de inovação da consultoria estratégica Bain & Company mapeou um total de 61 CVCs ativos no Brasil, com mais 13 em processo de desenvolvimento. A taxa de crescimento anual composta do número de fundos CVC é da ordem de 30% nos últimos 6 anos.

Para Reynaldo, o movimento das empresas tem tudo a ver com o momento atual do mercado, em que tem se pregado uma maior racionalidade na gestão das startups e também na avaliação de novos investimentos. Reynaldo diz que os fundadores já perceberam a mudança de cenário e os valuations já estão em patamares menos exagerados. “Estamos falando com uma startup que tinha apresentado um valuation e depois de analisarmos e apresentarmos a nossa visão, ele entendeu os nossos pontos. Há uma maturidade dos dois lados e o momento está muito oportuno”, avaliou.