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Tractian faz segundo investimento em conteúdo e formação de técnicos

Compra de fatia na Clube do Técnico vem 5 meses depois de aporte na Revista da Manutenção e abre canal de comunicação com 500 mil técnicos

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Seguindo sua estratégia de investimento em conteúdo e formação para técnicos que atuam na manutenção de equipamentos industriais, a Tractian fechou um investimento no Clube do Técnico, uma escola técnica e profissionalizante sediada em Mogi Guaçu (SP). Criada em 2005, ela tem 50 mil alunos ativos em seu sistema de educação a distância e já capacitou 120 mil. A equipe tem 5 pessoas e a receita anual está na casa de R$ 1 milhão.

O valor do investimento na fatia minoritária não foi revelado. Segundo Igor Marinelli, cofundador da Tractian, a Clube do Técnico tem um valor estratégico para a companhia por oferecer certificação para os seus cursos, algo que tem muita importância no segmento. “É como ter o SENAI da iniciativa privada no momento em que o investimento no SENAI vem sendo reduzido”, diz Igor. 

Corações e mentes

Ao se posicionar como um apoio ao profissional na sua formação, a Tractian busca colocá-los em contato com sua marca e produtos, de modo que eles possam, no futuro, atuar como promotores para compras feitas por seus empregadores. A distribuição por meio dos técnicos lembra o formato de chegada em empresas por meio de contadores usado por empresas como Omie, Linker (que estão se juntando em uma operação de R$ 120 milhões)e ContaAzul.  

Este é o 2º movimento da Tractian para ganhar os corações e mentes dos técnicos. Em junho a Tractian já tinha feito um investimento na Revista da Manutenção, voltada a profissionais da área. Desde então já foram feitos investimentos como o lançamento de uma plataforma de cursos a distância e o retorno tem sido maior do que o esperado. “Nos surpreendemos muito com o volume de pedidos que foram gerados”, diz.  

A compra de participação na Revista da Manutenção e no Clube do Técnico faz parte da estratégia de crescimento que a Tractian desenhou para uso dos recursos de sua rodada seed de R$ 17 milhões, anunciada em junho.

De acordo com Igor, com os dois investimentos, a startup atinge uma base de 500 mil profissionais, o que equivale a cerca de 2,5% da mão-de-obra atuando no país. Com esse número, a companhia chega, em tese, a pelo menos 1 ponto de contato em todas as indústrias do país – número que hoje está em 300 mil. “É um casamento Skol e Brahma. Com a Clube do Técnico a gente colocar conteúdos mais profissionalizantes, enquanto na Revista da Manutenção temos conteúdos mais avançados para quem já está na indústria. Também temos possibilidade de monetização e geração de receita para as duas empresas”, diz Igor.

Em termos de negócios, a estratégia tem dado resultado, com 10% das vendas da Tractian já vindo por meio desse canal, segundo o fundador. Perguntado se há interesse em fazer novos investimentos na área de conteúdo, ele diz que não e que o próximo passo será buscar companhias que tenham tecnologias complementares às suas. “Já estamos bem posicionados em termos de mídia”, diz.

Como vai o negócio da Tractian

Com uma base de 100 clientes, a Tractian registra no acumulado de 2021 um crescimento de 4 vezes. Para o ano que vem, o objetivo é acelerara e avançar 5 vezes. Além de mais clientes, a companhia pretende aumentar a receita média mensal por cada um deles. O número que hoje está na faixa de R$ 6 mil, tem potencial para chegar a R$ 9 mil, segundo Igor.

De acordo com ele, o cenário macroeconômico complicado e as questões políticas com as eleições não devem atrapalhar os planos. “A indústria de base é menos afetada com a crise”, avalia.