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Dois anos desde o lançamento de seu fundo de corporate venture capital (CVC), a Lojas Renner avança em suas estratégias de investimento e colaboração com startups. Além da contínua atuação do RX Ventures, que prevê aportar R$ 155 milhões em pelo menos 10 empresas ao longo de quatro anos, a companhia tem agora um canal oficial de conexão com o ecossistema para facilitar o relacionamento entre soluções inovadoras e suas diversas áreas de negócio.

“A inovação é um pilar relevante da nossa estratégia. A velocidade com que ela acontece no ambiente externo é cada vez maior e, nesse contexto de constante transformação, o acesso antecipado a novas tecnologias, novos modelos de negócio e talentos empreendedores constitui uma ferramenta muito relevante”, afirma Daniel Santos, diretor financeiro e de RI da Lojas Renner, em entrevista ao Startups por e-mail.

Segundo o executivo, que atualmente responde pela área de inovação aberta da companhia, a conexão com o ecossistema busca aproximar a Lojas Renner de startups que estão construindo o futuro do varejo e antecipando tendências que podem trazer diferenciais competitivos para a empresa. O objetivo é conectar negócios nacionais ou internacionais a oportunidades e desafios internos da gigante varejista, seja no core business ou em áreas de apoio.

Foi justamente com essa missão que a Renner lançou o RX Ventures, em busca de soluções nas áreas de serviços financeiros, logística, marketing, e-commerce, varejo físico, moda e sustentabilidade, com foco nos estágios seed e série A. Sem abrir números específicos, Daniel revela que o veículo de investimentos já mapeou “milhares de startups” e estudou mais profundamente “dezenas delas” desde o seu lançamento até chegar nas quatro empresas que formam seu portfólio atualmente.

O primeiro aporte foi anunciado em julho de 2022, com um cheque de valor não revelado na brasileira Logstore. A rodada foi liderada pela gestora DOMO Invest com participação do RX Ventures. Em novembro do mesmo ano, o fundo participou da rodada série A da Klavi, que captou um total de US$ 15 milhões com o banco BV, Iporanga Ventures, Parallax Ventures, GSR Ventures, Vivo Ventures e CIP S.A, além da Renner. O RX Ventures fez mais dois investimentos em 2023, dessa vez em startups norte-americanas – a RADAR e a Connectly.

“As startups investidas já têm agregado ao nosso negócio por meio de know-how, insights de inovação e teste de novas tecnologias, com benefícios diretos em frentes como agilidade nas entregas, abertura de novos mercados, aumento de vendas e redução de custos, entre outros”, avalia Daniel. Ele acrescenta que o relacionamento com gestoras e fundos de venture capital tem se fortalecido. “Acreditamos na complementaridade entre VCs e CVCs e temos visto o potencial de geração de valor que essa combinação traz para as startups”, pontua.

Busca ativa

De acordo com Daniel, embora a tese de investimento, a proposta de valor e os objetivos de longo prazo do RX Ventures permaneçam os mesmos, o fundo está constantemente reavaliando suas premissas de modo a calibrar sua estratégia. O intuito é evoluir constantemente o entendimento sobre as principais tendências do mercado e melhorar a forma como o veículo opera de ponta a ponta, da primeira interação com as startups à gestão do portfólio.

“O RX Ventures continua ativo na busca por empresas, no anúncio de novos investimentos e no trabalho com nossas startups investidas. Isso reforça nosso compromisso de longo prazo. Desde o lançamento, estamos dedicados a construir o fundo de uma maneira que o torne o mais protegido possível das flutuações de mercado ou de outras variáveis externas”, diz o executivo.

Sem abrir números específicos, Daniel garante que o fundo ainda tem capital disponível para novas oportunidades, e vai seguir investindo em startups que antecipem tendências. “Estamos constantemente conhecendo empreendedores excepcionais e empenhados em construir empresas duradouras, que enderecem problemas reais e transformem o setor de varejo”, conta.

Além de avançar nos aportes, o RX Ventures tem como prioridade para 2024 a geração de valor e as trocas estratégicas entre a Lojas Renner e as investidas. “Os primeiros anos do fundo têm dado bons indícios dos resultados que podemos ter com o nosso CVC e queremos seguir acelerando essa aproximação, uma vez que acreditamos que essa gestão de portfólio ativa cria importante valor para os dois lados, beneficiando o mercado como um todo”, analisa.

Entre as maiores vantagens para as startups, ele cita que a Renner, como uma das principais varejistas da América Latina, pode oferecer conhecimento setorial único, além do potencial uso da infraestrutura e dos ativos da organização em benefício das empresas investidas. Outro benefício é a possibilidade de codesenvolvimento de soluções, no qual a Lojas Renner atua muitas vezes como “desgin partner” para refinar não só aspectos de produto, mas também de posicionamento e go-to-market.

Para chegar no momento atual, o RX Ventures passou por uma série de desafios e aprendizados ao longo de seus dois anos de vida. “Tivemos a oportunidade de ver como as premissas por trás de um fundo se comportam na prática, analisá-las e fazer os ajustes necessários visando fortalecer o RX Ventures“, diz Daniel. A Renner decidiu aprimorar o seu trabalho de governança de acompanhamento das investidas, de modo que hoje, para que um aporte do RX Ventures seja realizado, o investimento tem que ser aprovado junto a um comitê. Além disso, a startup deve contar com um sponsor interno na Lojas Renner, ou seja, um executivo sênior que defenda a tese de investimento do negócio e se comprometa a apoiar a investida nesta parceria.

Mais conexões

A estratégia de inovação aberta da Lojas Renner foi fortalecida em novembro de 2023, com o anúncio do Renner Startups como um canal de relacionamento com o ecossistema de startups e inovação. Na prática, ele terá três frentes de atuação: conexão, presença e apoio.

“Nossas ações se baseiam em três pilares. O primeiro é a conexão de áreas de negócio da Lojas Renner com startups, para testar e escalar novas soluções”, explica Daniel. Um exemplo disso é o Desafio de Inovação em Sustentabilidade, lançado no ano passado em busca de startups que contribuam para a aceleração da pauta de sustentabilidade na companhia. A Lojas Renner está atualmente rodando testes com três startups selecionadas nesta iniciativa.

O segundo pilar é a presença no ecossistema de inovação, seja apoiando e participando de eventos, sendo reconhecidos em premiações ou se relacionando com os principais hubs de inovação do país. Por fim, a Renner deseja apoiar as demais áreas da organização a desenvolver uma cultura de inovação para que possam inovar cada vez mais e com mais velocidade. “Por exemplo, temos uma iniciativa que reúne uma comunidade de colaboradores da Lojas Renner interessados no tema para se conectarem com profissionais internos e externos, além de se capacitarem com formações teóricas e práticas sobre relacionamento com startups”, diz Daniel.

Por meio de seu time de inovação aberta, a Lojas Renner se conectou a mais de 300 startups e gerou mais de 35 testes ou parcerias comerciais desde 2021. O executivo não revela exatamente o quanto isso avançou desde a criação do Renner Startups, no fim do ano passado, mas diz que os números aumentaram. Parte desse movimento inclui a recente parceria com o Cubo Itaú, que dá à Renner acesso à comunidade de startups do hub e permite que a varejista lance desafios de inovação por meio da plataforma Cubo.

“A criação do RX Ventures e do Renner Startups, nosso canal que busca parcerias externas para a solução de desafios do negócio, foi mais um passo na nossa trajetória. Com eles, expandimos as formas como acessamos, construímos e geramos valor com novas tecnologias e soluções. Ter essas estruturas dedicadas a nos conectar, em suas diferentes maneiras, com o ecossistema de startups, hubs de inovação e de venture capital, constitui um acelerador-chave para seguirmos entregando a melhor experiência para nossos clientes”, finaliza Daniel.

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