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A Brex entrou na onda de demissões nesse começo de ano. A badaladíssima fintech de pagamentos corporativos, com seu último valuation acima dos US$ 12 bilhões, está cortando 20% do seu quadro de colaboradores.

A decisão foi comunicada pela startup aos funcionários – e também publicada no site oficial da companhia – nesta terça-feira (23). Segundo a companhia, a medida afetou 282 pessoas, sem informações sobre quais áreas foram afetadas pelo passaralho.

No comunicado, Pedro Franceschi, um dos cofundadores e co-CEO da Brex, afirmou que a medida faz parte de um novo momento para companhia, “enfatizando o pensamento a longo prazo e maior controle da empresa em vez de ganhos a curto prazo” – ou seja, sem novas rodadas por enquanto.

“A oportunidade que temos diante do Brex é enorme e queremos que todos os que permanecerem tenham grande confiança e vantagens financeiras em nosso equity”, destacou o brasileiro Pedro, que fundou a Brex ao lado de outro brasileiro, o também co-CEO Henrique Dubugras.

Na nota, Pedro também anunciou mudanças em seu modelo operacional, esperando que os líderes “operem em todos os níveis, aumentando a colaboração pessoal em nossos centros e concentrando os fusos horários em que operamos”.

A última demissão em massa na Brex tinha sido em 2022, quando demitiu 11% de sua força (cerca 136 pessoas), como parte de uma reestruturação interna na época, ficando com cerca de 1,1 mil funcionários. Fazendo as contas em cima do percentual do passaralho atual, a companhia subiu seu headcount para aproximadamente 1,4 mil colaboradores desde então.

A última rodada da fintech foi no começo de 2022, quando levantou mais US$ 300 milhões em uma extensão da sua rodada Série D liderada pela Greenoaks Capital e Technology Crossover Ventures (TCV). Na época, a empresa afirmou que utilizaria o capital para expandir portfólio e buscar novas avenidas de crescimento. Desde a fundação da empresa em 2017, a Brex já levantou um total de US$ 1,2 bilhões em aportes.

Cura pro cash burn

Apesar das explicações sobre crescimento sustentável para justificar os cortes, um outro report divulgado nesta semana mostra que nem tudo está bem na fintech. Segundo o site The Information, a companhia torrou US$ 17 milhões por mês no quarto trimestre de 2023 e só tinha “dinheiro suficiente para durar até março de 2026”. Um porta-voz da Brex disse à publicação que o runway da empresa é de quatro anos.

Segundo apurou o The Information, a empresa manteve suas despesas acima do ideal, gastando o dobrou do que faturou no último trimestre de 2023. No começo do ano passado, a empresa estava se preparando para um IPO em 2025, mas em novembro as coisas mudaram, com Henrique Dubugras preferindo que a empresa atingisse a lucratividade antes de “puxar o gatilho”.

O TechCrunch também perguntou aos porta-vozes da Brex sobre a saúde financeira do negócio, mas a companhia desviou do assunto. “As mudanças de hoje são impulsionadas pelo desejo de tornar o Brex mais ágil e acelerar o nosso caminho para a rentabilidade, aproveitando o crescimento que tivemos em 2023. Aumentamos a receita em mais de 35% em 2023, enquanto o lucro bruto aumentou 75%. Esta redução da força coloca-nos num caminho claro em direção à rentabilidade.”

Apesar dos números anuais serem positivos, analistas indicam que este crescimento se concentrou no primeiro semestre do ano passado, que teve um evento que levou empresários em bando para a fintech. A implosão do Silicon Valley Bank fez da Brex um “porto-seguro” de curto prazo para muitas startups. Entretanto, com o aumento de oferta de grandes bancos às startups carentes de uma instituição financeira, parece que o ritmo não se manteve até o fim do ano para a Brex.

Essa migração foi vista por muitos como algo inusitado, visto que em 2022 a empresa meio que esnobou os negócios menores ao dizer que a companhia “não era a mais adequada para pequenos clientes”, uma fala que aborreceu muitos dos clientes que ajudaram na ascensão da fintech.

Embora a Brex tenha rapidamente esclarecido que, por clientes mais pequenos, ela se referia a pequenas e médias empresas e startups não financiadas, a mudança ainda fez muita gente torcer o nariz, considerando que a empresa tinha começado a sua vida como uma empresa de cartão de crédito para startups.

Esse imbróglio todo culminou em uma mudança interna, quando a companhia anunciou a contratação de Jason Mok, ex-sócio operacional da Andreessen Horowitz (a16z) e veterano de mais de 16 anos no Silicon Valley Bank, como seu novo chefe de startups. O cofundador e co-CEO do Brex, Henrique Dubugras, disse ao TechCrunch na época que “fundadores e startups sempre estiveram no centro do Brex”.

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