Se você é um leitor assíduo aqui do Startups, com certeza já viu em diversos textos a expressão “due dilligence”. Para quem é investidor, o termo não apenas é conhecido, como é essencial para seus negócios. Se você é empreendedor e está em busca de uma captação, também já é familiar com a expressão e até ficou um pouco nervoso com ela em algum momento.
Entretanto, nada tema. Conhecendo de forma clara o que é um processo de due diligence e como ele é fundamental na hora de uma rodada, pode ser uma forma de não apenas conhecer melhor seu negócio, mas como também aprimorá-lo. E claro, se o fundador for um aventureiro, é o momento em que as máscaras podem cair de vez.
Mas vamos começar do começo: due diligence é um processo de investigação minuciosa realizado por investidores antes de fecharem um negócio. É uma espécie de “check-up” da empresa, onde todos os aspectos são examinados de perto para avaliar seu valor e identificar riscos potenciais.
O due diligence é vital para os investidores tomarem decisões informadas. Eles querem ter certeza de que estão colocando seu dinheiro em uma empresa sólida, com boas perspectivas de retorno. Além disso, ajuda a identificar possíveis problemas que podem impactar o sucesso do investimento no futuro. Esse critério pode variar de momento para momento.
Por exemplo, em períodos em que as torneiras dos investimentos estavam correndo soltas, vários negócios tiveram etapas de due dilligence rápidas e até mesmo menos criteriosas. Entretanto, com a retração do mercado de VCs desde 2022, investidores ficaram mais receosos com seus dinheiro, levando a processos mais minuciosos – e por vezes mais demorados, até.
Quais são as etapas due dilligence?
Como comentamos antes, um due dilligence criterioso avalia a empresa em diversos aspectos, que vai desde a análise dos números do negócio até questões mais subliminares como avaliações dos executivos e da equipe. Aqui estão algumas etapas que compõem um bom due dilligence:
Análise financeira: Aqui, os investidores examinam os números da empresa, incluindo receitas, despesas, fluxo de caixa e projeções financeiras. Eles querem garantir que a startup tenha uma base sólida e que suas projeções sejam realistas.
Auditoria legal: Nesta fase, os advogados entram em ação para revisar todos os documentos legais da empresa, como contratos, acordos de propriedade intelectual e registros comerciais. O objetivo é identificar quaisquer questões legais que possam representar riscos para o investimento.
Avaliação do mercado e da concorrência: Os investidores analisam o mercado em que a startup opera, sua posição competitiva e as tendências do setor. Eles querem entender o potencial de crescimento da empresa e como ela se destaca da concorrência.
Entrevistas com fundadores e equipe: É hora de conhecer as mentes por trás da startup. Os investidores entrevistam a equipe de gestão para entender sua visão, experiência e capacidade de execução. Eles querem ter certeza de que estão colocando seu dinheiro em mãos competentes e dedicadas.
Due diligence técnica: Em alguns casos, especialmente em startups de base tecnológica, pode ser realizada uma due diligence técnica para avaliar a tecnologia e a propriedade intelectual da empresa.
Qual é a importância do due dilligence?
Numa metáfora meio cretina, imagine o due diligence como uma caça ao tesouro, onde os investidores buscam garantir que sua startup é realmente o baú de ouro que afirmam ser, ou que pode revelar “esqueletos no armário” do negócio. Eles vasculham cada canto e recanto do seu empreendimento, desde os contratos empoeirados até os cantos mais escuros das suas finanças.
Os investidores não estão apenas interessados na sua startup – eles querem entender o ambiente em que vocês estão navegando. É como se estivessem montando um quebra-cabeça, tentando encaixar todas as peças para ver a imagem completa.
“A due diligence é como uma investigação forense – revela os segredos escondidos da empresa antes de comprometermos nosso capital.” – John Smith, CEO da XYZ Ventures.
Ainda assim, o due dilligence não é um processo infalível. Alguns casos famosos mostraram como um due dilligence mal encaminhado pode gerar perdas para quem investe. Um dos mais famosos é o da HP, que em 2012 anunciou a aquisição da startup Autonomy, mas falhou em analisar documentos financeiros da companhia e acabou na corte federal norte-americana, tomando um prejuízo de mais de US$ 5 bilhões.
Contudo, quando o assunto é tomar cuidado com seu dinheiro, a maioria dos fundos não brinca na hora de fazer este processo, mas isso não quer dizer que isso é uma barreira para o founder que busca investimentos. É uma oportunidade de colocar ordem na empresa e torná-la mais preparada para o crescimento esperado quando alguém assina o cheque.
“É como fazer a lição de casa antes de um grande exame – nos prepara para tomar decisões fundamentadas e minimizar os riscos.” – Emily Johnson, Diretora de Investimentos da ABC Capital.